As autoridades paquistanesas estão empenhadas em mitigar os estragos causados por violentos ataques contra a comunidade cristã no país. Após a destruição de casas e locais de culto na semana passada, os líderes paquistaneses estão buscando soluções para amenizar a situação e punir os responsáveis pelos ataques.
Os eventos desencadeadores dessa onda de violência ocorreram no dia 16 de agosto, na cidade de Jaranwala, parte da província de Punjab. Centenas de manifestantes muçulmanos invadiram a cidade indignados com a alegada profanação do Alcorão. Segundo a DW, a ira foi desencadeada por alegações de que um cristão e seu amigo haviam arrancado páginas do Alcorão e escrito mensagens insultuosas em outras páginas. No Paquistão, a blasfêmia é um crime que pode ser punido com a morte.
Os ataques resultaram em destruição total para muitas famílias cristãs. Quase 100 cristãos voltaram a Jaranwala apenas para encontrar suas casas e locais de culto em ruínas. Muitos deles foram forçados a viver ao ar livre, com medo de que as estruturas danificadas desmoronassem a qualquer momento.
Em resposta a essa crise, o primeiro-ministro interino, Anwaar-ul-Haq Kakar, anunciou que cada família afetada receberá uma compensação de 2 milhões de rúpias (equivalente a cerca de 6.800 dólares) como pagamento pelos danos sofridos. Durante um discurso televisionado, Kakar também prometeu empenho em responsabilizar os responsáveis pelo ataque violento, rotulando os manifestantes como “inimigos da humanidade”.
Após o tumulto, a polícia realizou operações que resultaram na detenção de 160 manifestantes envolvidos nos ataques, tornando esse evento um dos mais destrutivos da história recente do país.
Mohsin Naqvi, principal autoridade da província de Punjab, visitou Jaranwala para se encontrar com líderes cristãos locais em uma igreja incendiada. “Eles estão preocupados com sua segurança; estão preocupados com seus filhos, que foram testemunhas da tragédia e estão traumatizados”, relatou Khalid Mukhtar, um sacerdote da cidade. Ele observou que 26 igrejas locais foram atacadas, queimadas ou danificadas de alguma forma.
Apesar das promessas de pronta reparação e compensação, algumas preocupações surgiram sobre a eficácia das ações do governo. Mukhtar destacou que, embora Naqvi tenha anunciado que os pagamentos seriam concluídos em 48 horas, as reparações ainda estão atrasadas. Ele apontou que, em vez de reconstruir, pelo menos duas igrejas tiveram suas paredes repintadas sem receber as devidas reparações.
O Paquistão, com uma população que é predominantemente muçulmana (96%), enfrenta desafios em relação à tolerância religiosa e à proteção das minorias religiosas. De fato, o país é classificado como o sétimo mais perigoso para os cristãos na Lista Mundial de Perseguição da organização Portas Abertas, que avalia o grau de hostilidade enfrentado pelos crentes em várias nações ao redor do mundo. As tensões religiosas persistem, e a resposta do governo a esses eventos recentes desempenhará um papel crucial na restauração da harmonia e da confiança entre as comunidades religiosas no país.
Exibir Gospel / Leiliane Lopes