A bandeira pró-vida foi uma das mais enfatizadas por Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha eleitoral que o levou à presidência da República. O compromisso, como cristão e conservador, de não permitir mudanças na lei que regula o aborto, foi uma das causas que levaram evangélicos a abraçar sua candidatura. Agora, seu vice, Hamilton Mourão (PRTB) atraiu holofotes para si ao dizer que a decisão do aborto deve ser de foro íntimo das mulheres.
A declaração foi dada em entrevista recente, em que expressou suas convicções progressistas a respeito do tema, abraçando o argumento amplamente difundido pelo lobby pró-aborto, mas desconstruído por pensadores e especialistas durante audiência realizada pelo Supremo Tribunal Federal no ano passado.
Segundo o vice-presidente, aborto “é uma questão de saúde pública”, e por isso, a decisão de encerrar precocemente a vida que está se desenvolvendo na gravidez cabe exclusivamente à mãe.
“O governo tem que tratar de forma objetiva. É uma questão de saúde pública. Doenças sexualmente transmissíveis são uma questão de saúde pública. A questão do aborto também é algo que tem que ser bem discutido, porque você tem aquele aborto onde a pessoa foi estuprada, ou a pessoa não tem condições de manter aquele filho. Então talvez aí a mulher teria que ter a liberdade de chegar e dizer ‘preciso fazer um aborto’. Minha opinião como cidadão, não como membro do governo, é de que se trata de uma decisão da pessoa”, declarou Mourão ao jornal O Globo.
A declaração caiu como uma bomba na grande mídia, que passou a destacar a dissonância entre o presidente e seu vice. O assunto foi repercutido por jornalistas d’O Globo junto ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC), que questionado sobre a afirmação de Mourão, disse não ter “nada a declarar”.
Essa recusa em comentar a postura antagônica de Mourão em relação à bandeira que ajudou eleger seu pai como presidente, foi retratada de forma levemente diferente no jornal, segundo Eduardo, que usou o Twitter para explicar sua versão dos fatos.
“Só para deixar claro: falei muito rapidamente no meio da multidão com o Eduardo da revista Época, não com Guilherme [Amado, repórter do jornal O Globo]. Perguntado sobre declarações do general Mourão percebi o objetivo da mesma. Apenas respondi ‘nada a declarar’. Próxima vez terei que ignorar completamente o repórter”, disse Eduardo Bolsonaro, justificando sua resposta curta e reagindo à repercussão.
Posteriormente, o presidente Jair Bolsonaro tratou de minimizar o ocorrido e, novamente, destacar a postura parcial da grande mídia contra seu governo: “É inacreditável o que fazem para tentar nos destruir de dentro para fora insistentemente criando falsas narrativas. Seguimos adiante e lamentando a perda de credibilidade de quem deveria informar, e por algum motivo, faz exatamente o oposto diariamente”.
*Fonte: Gospel Mais.