Após décadas de autoritarismo promovido pelo regime comunista, a ilha cubana parece dar sinais de alguma abertura democrática, depois da morte de Fidel Castro em novembro de 2016, a principal figura política do país. E quem tem muito o que comemorar com isso é a comunidade evangélica.
Recentemente, por exemplo, na avenida Malecón, importante ponto turístico de Havana, capital de Cuba, uma multidão de casais evangélicos invadiram o local para protestar contra uma proposta de lei que visa legalizar o casamento gay no país.
Ricardo Pereira, pastor da Igreja Metodista de Cuba, ressaltou que uma manifestação dessa natureza na ilha é inédita, e que apesar de não ser contra o regime político explicitamente, demonstra a fé cristã de forma pública.
“Estamos falando em favor do casamento como ele foi originalmente projetado”, disse Pereira. “É a primeira vez desde o triunfo da revolução que as igrejas evangélicas criaram uma frente unificada. É histórico”.
Debora Lisset Covas esteve na manifestação junto com o seu marido. Ela demonstrou estar consciente dos perigos da ideologia de gênero, destacando que seu protesto não representa uma ofensa à comunidade LGBT, mas sim suas convicções morais, especialmente em razão das crianças.
“Minha tia é lésbica e eu tenho amigos e colegas homossexuais. Todas são criações de Deus e eu as amo”, disse ela. “Mas eu não quero que a ideologia de gênero seja ensinada nas escolas. É o que acontece em outros países quando o casamento gay é legalizado”.
Uma frente unificada de denominações, como a metodista, pentecostal, batista e Assembleia de Deus, fizeram uma campanha contra a proposta do governo cubano, imprimindo cartazes e mensagens para distribuir nas ruas.
“Eu sou a favor do design original. Casamento: homem + mulher”, diz uma das mensagens impressas, segundo informações do The Guardian. Atualmente cerca de 10% dos 11 milhões de habitantes na ilha são evangélicos e certamente esse número irá crescer nos próximos anos.
A proposta do governo visa acrescentar ao artigo 68 da Constituição a definição de casamento como “a união voluntária entre duas pessoas”, excluindo, portanto, “…entre um homem e uma mulher”.
Após os protestos da população, no entanto, que se arrastam desde o ano passado, quando a comunidade evangélica conseguiu criar uma petição com 178.000 assinaturas contra o reconhecimento legal do casamento gay, entregue para a Assembleia Nacional de Cuba em outubro, o governo recuou e o projeto agora está em análise.
*Com informações de The Guardian.