Três evangélicos lutam para manter o testemunho fiel em conversas com muçulmanos.
Adelegação egípcia de xeques muçulmanos se preparava para a sessão de abertura da conferência inter-religiosa. Seus conceituados anfitriões protestantes os recebiam nos reverenciados corredores de um seminário histórico de Nova York com agrados e conversas triviais sobre a humanidade compartilhada e valores comuns.
Foi quando o moderador assustou os acadêmicos da Universidade Al-Azhar, o principal centro de aprendizado do mundo muçulmano sunita, com o que parecia um ultimato: “Quem acredita que sua religião é o único caminho não é bem-vindo aqui”.
Silenciosamente, os muçulmanos se levantaram para sair. Seu tradutor improvisado, Joseph Cumming, um delegado do Fuller Theological Seminary, rapidamente interveio. “Não, não, não se ofendam”, disse ele. “Ele não está se referindo a vocês, ele está falando sobre nós.”
Cumming é um evangélico americano que milita no mundo islâmico desde 1982. Muitos evangélicos, explicou aos convidados muçulmanos, têm sido extremamente críticos ao diálogo inter-religioso. Eles argumentam que ele faz muitas concessões, reduz a religião ao menor denominador comum e mina todo compromisso com a verdade absoluta. A paz se torna a prioridade mais alta, com grande foco no acordo, evitando as diferenças cruciais sobre a salvação.
No entanto, Cumming estava presente de qualquer maneira. Apesar do que o moderador disse, ele acreditava que era possível — e até importante — que os evangélicos participassem do diálogo inter-religioso sem abrir mão de seu compromisso apaixonado com a verdade da Bíblia.
Os estudiosos muçulmanos, tranquilizados, sentaram-se novamente. E a conversa continuou. E continua até hoje. Essa conferência aconteceu há quase duas décadas e Cumming permanece engajado no diálogo inter-religioso. Ele tem dedicado a segunda metade de seu ministério cristão a manter um diálogo respeitoso com os muçulmanos e superar estereótipos entre ambos, mantendo-se tão apaixonado como antes por testemunhar sua fé em Cristo.
Cumming nem sempre pensou assim. Ele teve de se render à possibilidade de diálogo inter-religioso. A princípio, ele pensou que era apenas um cristianismo liberal e não queria nada com isso. Ele teve uma experiência ruim quando adolescente, com uma forma de cristianismo que aceitava tudo e todos. Salvo na cidade de Nova York aos 13 anos, enquanto lia o Novo Testamento sozinho, ele entrou para uma igreja que citava Buda tanto quanto Jesus. Ele conheceu muitas pessoas incomuns, que o levaram a uma vida de “exploração espiritual” que incluía sexo e drogas.
Aos 18 anos, Cumming experimentou uma segunda conversão e redescobriu sua fé original. Ele se comprometeu com a exclusividade do evangelho e prometeu que nunca abriria mão dessa crença. “Rejeitando completamente” esse interlúdio sincrético, Cumming tornou-se um oponente firme do diálogo entre as religiões e decidiu, em vez disso, ser uma testemunha eficaz de Cristo aos não cristãos. Mas sua fé redescoberta também fez nascer nele uma preocupação em ajudar as pessoas que sofrem em outras nações.
Em 1982, Cumming foi para a Mauritânia, país da África Ocidental que não conhecia cristãos protestantes. A Mauritânia era o quarto pior país no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, a escravidão ainda era uma prática comum e as taxas de desnutrição entre as crianças chegavam a 75%. Cumming fundou o grupo humanitário da Comunidade Doulos e viveu entre os pobres, impactando a vida de milhares.
Adelegação egípcia de xeques muçulmanos se preparava para a sessão de abertura da conferência inter-religiosa. Seus conceituados anfitriões protestantes os recebiam nos reverenciados corredores de um seminário histórico de Nova York com agrados e conversas triviais sobre a humanidade compartilhada e valores comuns.
Foi quando o moderador assustou os acadêmicos da Universidade Al-Azhar, o principal centro de aprendizado do mundo muçulmano sunita, com o que parecia um ultimato: “Quem acredita que sua religião é o único caminho não é bem-vindo aqui”.
Silenciosamente, os muçulmanos se levantaram para sair. Seu tradutor improvisado, Joseph Cumming, um delegado do Fuller Theological Seminary, rapidamente interveio. “Não, não, não se ofendam”, disse ele. “Ele não está se referindo a vocês, ele está falando sobre nós.”
Cumming é um evangélico americano que milita no mundo islâmico desde 1982. Muitos evangélicos, explicou aos convidados muçulmanos, têm sido extremamente críticos ao diálogo inter-religioso. Eles argumentam que ele faz muitas concessões, reduz a religião ao menor denominador comum e mina todo compromisso com a verdade absoluta. A paz se torna a prioridade mais alta, com grande foco no acordo, evitando as diferenças cruciais sobre a salvação.
No entanto, Cumming estava presente de qualquer maneira. Apesar do que o moderador disse, ele acreditava que era possível — e até importante — que os evangélicos participassem do diálogo inter-religioso sem abrir mão de seu compromisso apaixonado com a verdade da Bíblia.
Os estudiosos muçulmanos, tranquilizados, sentaram-se novamente. E a conversa continuou. E continua até hoje. Essa conferência aconteceu há quase duas décadas e Cumming permanece engajado no diálogo inter-religioso. Ele tem dedicado a segunda metade de seu ministério cristão a manter um diálogo respeitoso com os muçulmanos e superar estereótipos entre ambos, mantendo-se tão apaixonado como antes por testemunhar sua fé em Cristo.
Cumming nem sempre pensou assim. Ele teve de se render à possibilidade de diálogo inter-religioso. A princípio, ele pensou que era apenas um cristianismo liberal e não queria nada com isso. Ele teve uma experiência ruim quando adolescente, com uma forma de cristianismo que aceitava tudo e todos. Salvo na cidade de Nova York aos 13 anos, enquanto lia o Novo Testamento sozinho, ele entrou para uma igreja que citava Buda tanto quanto Jesus. Ele conheceu muitas pessoas incomuns, que o levaram a uma vida de “exploração espiritual” que incluía sexo e drogas.
Aos 18 anos, Cumming experimentou uma segunda conversão e redescobriu sua fé original. Ele se comprometeu com a exclusividade do evangelho e prometeu que nunca abriria mão dessa crença. “Rejeitando completamente” esse interlúdio sincrético, Cumming tornou-se um oponente firme do diálogo entre as religiões e decidiu, em vez disso, ser uma testemunha eficaz de Cristo aos não cristãos. Mas sua fé redescoberta também fez nascer nele uma preocupação em ajudar as pessoas que sofrem em outras nações.
Em 1982, Cumming foi para a Mauritânia, país da África Ocidental que não conhecia cristãos protestantes. A Mauritânia era o quarto pior país no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, a escravidão ainda era uma prática comum e as taxas de desnutrição entre as crianças chegavam a 75%. Cumming fundou o grupo humanitário da Comunidade Doulos e viveu entre os pobres, impactando a vida de milhares.Article continues below
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“Queríamos ajudar com a saúde pública”, disse ele, “e sermos fiéis, bons exemplos do amor de Cristo”.
Eventualmente, isso significava conversar com pessoas de uma fé diferente. Cumming conheceu o presidente da associação nacional de imãs, que o convidou para sua casa, presumivelmente para as três tradicionais rodadas de chá. Mas, ao chegar, ele descobriu uma sala cheia de discípulos do imã e foi convidado a “dialogar” sobre o cristianismo.
Cumming relutou muito em ouvir “essa palavra”, disse ele. Mas testemunhou sobre sua fé, esperando uma reação negativa. Em vez disso, o imã agradeceu, dizendo que era a melhor explicação que ele já ouvira.
“Já participei de eventos inter-religiosos em todo o mundo”, o imã disse, “e a maioria dos cristãos não acredita em sua própria fé. Você está disposto a ter mais diálogos como este?”
Cumming ficou surpreso ao ouvir sua própria resposta — sim. Então, ele começou — intermitentemente — na sua jornada em direção a uma nova abordagem evangélica do diálogo inter-religioso.
“O que eu descobri”, disse ele, “é que, se você é humilde, generoso e educado, se deixa as pessoas verem seu amor e respeito e deixa que o Espírito Santo lhe dê oportunidades, as pessoas agradecerão seu testemunho.”
Sem saber, Cumming estava seguindo os passos de David Shenk, um evangélico comprometido que ministrava em contextos muçulmanos, e também abrindo caminho para outro, Rick Love. Shenk nasceu em 1937, filho de missionários menonitas na Tanzânia, e tornou-se um missionário. Ele trabalhou entre muçulmanos na Somália e ajudou, com muitos outros, a trazer um sistema educacional moderno para o país. Logo, porém, o governo obrigou as escolas apoiadas pelos cristãos a ensinar o Islã. Grupos cristãos no país pararam para considerar se poderiam continuar a cooperar com essas escolas de forma sincera. Houve oração, jejum e muita discussão com menonitas nos EUA e crentes somalis locais sobre a melhor decisão a tomar. Finalmente, os menonitas decidiram que poderiam aceitar as limitações da situação, mantendo-se fiéis às próprias convicções sobre a exclusividade do evangelho.
Com o tempo, um compromisso de pacificação começou a caracterizar a missão. Enquanto os senhores da guerra da Somália se confrontavam, os menonitas ganharam o rótulo de “clã da paz”. Eles sempre tentaram ser francos sobre o motivo de seu compromisso com a paz.
“Sempre fui claro sobre minha identidade e que sirvo sob a autoridade da igreja”, disse Shenk. “Mas essa confissão nunca fechou portas. Pelo contrário, as abriu”.
Rick Love aderiu ao diálogo inter-religioso quando se convenceu da importância de ser aberto sobre suas crenças e sua identidade cristã.
Love, que morreu de câncer em dezembro de 2019, tornou-se cristão como parte do movimento Jesus People, na década de 1970, e depois foi ministrar entre muçulmanos na Indonésia, em 1984, com a organização missionária Frontiers. Depois de 15 anos lá, ele cresceu dentro da organização e começou a trabalhar na administração. Uma coisa que fez foi ajudar os missionários a desenvolver plataformas seculares para alcançar os muçulmanos e compartilhar sua fé no mundo islâmico.
Lentamente, porém, ele ficou preocupado com essas plataformas. O primeiro sentimento de descontentamento de Love ocorreu ao visitar uma equipe no Bahrein. Ele foi apresentado a um coronel do exército do país. Eles conversaram amigavelmente.
Mas, pouco depois, começou a suar frio. Frontiers havia acabado de lançar um novo site, e sua foto foi exibida de forma destacada. Certamente, seus anfitriões no Bahrein o procurariam on-line e descobririam que ele não estava sendo totalmente honesto sobre quem ele era e o que estava fazendo.
“Ele descobrirá que eu lhe digo uma coisa aqui, mas ele lerá outra coisa lá”, pensou Love. “Ele saberá que sou um missionário profissional.”
Ele percebeu que sua abordagem ao trabalho missionário era realmente enganosa, contrariando o profundo amor que ele tinha pelos muçulmanos e uma barreira à amizade genuína. Ele respeitava o coronel e sua identidade oculta parecia uma traição.
Rapidamente, ele entrou em contato com sua equipe e disse-lhes para retirar a foto. Eles fizeram isso a tempo, mas o episódio ficou na mente de Love e acabou se transformando em profunda convicção.
“Isso roubou minha alegria e ousadia”, disse Love à CT antes de sua morte. “Eu estava me mobilizando para os muçulmanos e queria compartilhar Jesus. Mas não podia mencionar meu trabalho”.
Àmedida que a carreira de Cumming no diálogo inter-religioso progredia, ele orava sobre quanto poderia ser ousado. Seis meses após o 11 de setembro, ele foi convidado a falar no Egito, em Al-Azhar, sobre um tópico querido de todo cristão evangélico: Jesus morreu na cruz?
A abordagem foi acadêmica. Os muçulmanos negam a crucificação, mas certos versículos do Alcorão criam uma ambiguidade. Cumming mergulhou nos comentários islâmicos para apresentar uma visão diferenciada da variedade de interpretações muçulmanas desses versículos.
Mas, antes de subir ao pódio, ele orou: “Deus, se o Senhor também quer que eu diga que acredito que sua cruz possibilita o perdão, me dê uma clara oportunidade”.
A atmosfera no salão lotado era elétrica. Após os ataques terroristas a Nova York e Washington e a subsequente invasão do Afeganistão e o início da “guerra ao terror”, o público egípcio achava que os cristãos americanos odiavam os muçulmanos.
“Eles dizem que o Islã é uma religião intolerante”, começou o moderador, “mas aqui provamos o contrário. Vamos ouvir o que ele tem a dizer”.
Todos os olhos estavam fixos em Cumming quando ele se lançou em sua apresentação. Assim que terminou, dezenas de mãos se levantaram com perguntas.
Então, aconteceu. Uma mulher se levantou e educadamente fez uma pergunta que criou uma clara oportunidade para compartilhar sobre o perdão dos pecados por meio da cruz de Cristo.
“Senhor, aprendemos muito sobre o que os muçulmanos acreditam sobre a cruz e um pouco sobre o que os cristãos acreditam sobre a cruz. Mas não ouvimos o que você acredita sobre a cruz. Você poderia nos dizer o que isso significa para você?
O Espírito Santo cutucou-o, sugerindo: “Esta é a resposta para sua oração.” Cumming divulgou os detalhes de seu testemunho pessoal e suas próprias convicções profundas sobre a importância da cruz. Ele foi aplaudido de pé. Alguns estudantes até choraram.
“Este foi um momento decisivo na minha compreensão do diálogo inter-religioso”, disse Cumming. “Eu pensei que isso significava que eu não poderia testemunhar minha fé sobre o que Jesus significava para mim.”
Cumming finalmente adotou o diálogo em tempo integral, trabalhando como diretor do programa de reconciliação da Universidade Yale. Entre suas primeiras tarefas: organizar uma conferência inter-religiosa em torno de A Common Word, uma iniciativa muçulmana que promove a ideia de que o amor é o conceito central do Islã e do Cristianismo. Uma das pessoas que ele recrutou para a resposta cristã era um ex-missionário tentando repensar o diálogo inter-religioso, um novo estudante de doutorado chamado Rick Love.
Embora muitos cristãos questionassem se A Common Word estava certa sobre o âmago do Islã, Love e Cumming concordaram que receberam a ordem, como cristãos, de amar o próximo. Eles também pensaram que isso poderia ser a base do diálogo inter-religioso.
“Acreditamos que o Grande Mandamento balisa a Grande Comissão”, disse Love. “Portanto, precisamos amar o próximo sem amarras, quer eles queiram ouvir o evangelho ou não.”
Cumming disse que muitos cristãos acreditam que os muçulmanos são falsos quando descrevem sua fé como uma religião de paz. Eles contestam a verdadeira natureza da fé muçulmana e a mensagem de A Common Word, apontando os ataques de 11 de setembro como um exemplo de como a teologia islâmica tem sido usada para justificar a violência. Cumming discordou dessa resposta.
“Não é nosso dever dizer aos muçulmanos como interpretar sua fé, assim como eles não podem interpretar a nossa”, disse ele. “Mas se os líderes muçulmanos estão dizendo ao público muçulmano que é seu dever amar os cristãos, por que contradizemos isso?”
A resposta dos EUA ao 11 de setembro também apresentou um desafio — uma escolha — para os cristãos americanos. Eles tiveram de repensar o que significava ser cristão.
“A fé cristã é uma herança civilizacional e cultural, ou é um discipulado para Jesus Cristo, o crucificado e ressuscitado?” Cumming perguntou. “Em muitas situações, podemos dizer as duas coisas. Mas, no mundo pós-11 de setembro, em relação aos muçulmanos, nossa resposta nos levará a direções opostas, e somos forçados a escolher.”
Em 2010, Love fundou o Peace Catalyst International para se engajar em tempo integral no diálogo muçulmano-cristão. Ele escreveu sobre sua jornada com conversas inter-religiosas em um livro de 2014, Peace Catalysts, e o seguiu com um título de 2017, Glocal, pedindo aos cristãos que mantenham sua mensagem principal.
Tanto muçulmanos quanto cristãos desejam converter um ao outro. Love disse que as conversas com os imãs poderiam começar com isso e depois passar para discussões sobre o bem comum. Muitos missionários sofrem com uma dupla identidade, ele acreditava, escondendo sua esperança evangelística por trás de um trabalho profissional ou humanitário. Isso não é bom para eles e não é bom para o evangelho.
Segundo Shenk, às vezes, o diálogo inter-religioso ocorre naturalmente como resultado de relacionamentos entre vizinhos. Ele e seus companheiros missionários menonitas há muito rejeitam a dupla identidade com a qual Love lutava. Eles sentem que precisam deixar claro que são embaixadores do reino de Deus.
“A linguagem da plataforma me diz: fazemos o bem para termos um motivo para estar aqui”, disse Shenk. “A linguagem do Reino diz que estamos aqui para representar Jesus, por meio de palavras e ações, com um compromisso de paz no centro.”
O diálogo é o resultado natural e leva, para Shenk, a oportunidades de testemunhar.
Ele se lembra de quando seu grupo decidiu não debater com os muçulmanos locais, mas buscar seus conselhos — em um estudo bíblico desenvolvido para muçulmanos somalis.
“Isso os desqualifica?” ele perguntou aos sheiks locais. “E apresenta o evangelho como boas-novas?”
Alguns muçulmanos começaram a seguir Jesus e Shenk foi chamado pelas autoridades para interrogatório. Ele respondeu com sinceridade, testificando que estava conversando com os vizinhos quando lhes contou a alegria contagiosa que recebeu por conhecer Jesus.
“Não posso responder quando eles me perguntam?” ele perguntou. “E Deus não pode conceder fé verdadeira?”
As autoridades o liberaram.
Obviamente, não há garantias no trabalho missionário. Shenk foi forçado a sair, em 1978 — não por muçulmanos, mas por marxistas. Ele se mudou para o Quênia, a fim de trabalhar com refugiados somalis. Lá, ele se tornou professor na Universidade Kenyatta e fez amizade com outro professor, Badru Kateregga. Os dois conversaram sobre suas diferenças religiosas e, finalmente, transformaram suas conversas em um livro, “Um diálogo entre um muçulmano e um cristão”. Publicado pela primeira vez em 1980, é um exemplo marcante da abordagem evangélica ao diálogo inter-religioso e foi traduzido para doze idiomas.
Em 2013, Shenk ajudou a fundar a Equipe de Relações Cristãs-Muçulmanas para sua denominação. Agora, com 82 anos, ele orienta a equipe com o típico compromisso menonita com a não violência, pois, em suas palavras, “falam com ousadia e treinam persistentemente para construir pontes de conexão amorosa e respeitosa entre cristãos e muçulmanos, enquanto professam fielmente a fé em Cristo”.
O diálogo inter-religioso nem sempre corresponde às expectativas das pessoas. Um líder palestino disse certa vez a Cumming que não falaria contra a concepção popular de homens-bomba como mártires — mesmo acreditando que a percepção popular estava errada. O homem se desculpou, mas explicou que tinha de escolher suas batalhas.
Em outra ocasião, Love tentou convencer os líderes muçulmanos a permitir que os muçulmanos se convertessem ao cristianismo, mas não conseguiu colocar o assunto na pauta de uma conferência inter-religiosa. “Isso perturbaria demais a paz”, disseram-lhe.
Os evangélicos frequentemente também permanecem céticos. “Às vezes, tememos que isso leve a uma religião mundial”, disse Cumming, agora pastor da Igreja Internacional de Yale. “De fato, é exatamente para isso que minha igreja original estava trabalhando. Mas, se os muçulmanos vão conversar com os cristãos, por que abdicaríamos e deixaríamos os liberais falarem em nosso nome?”
O cenário inter-religioso pode ser frustrante para os evangélicos, ele observou. Há muita conversa e tempo para conhecer as pessoas. Não é um lugar para debate, e construir relacionamentos com crentes comprometidos de outras religiões geralmente não é um campo fértil para o evangelismo.
Embora um diálogo possa parecer decepcionante, Cumming está convencido de que ele pode comunicar duas coisas importantes: uma imagem precisa do cristianismo por meio da pessoa de Jesus e questões de liberdade religiosa.
“A maioria dos evangélicos concorda que estas coisas são prioritárias”, disse Cumming.
Ele também já viu a conversa desenvolver e mudar de maneiras encorajadoras. Nas décadas desde que ele teve de apaziguar a delegação egípcia, a discussão das regras básicas diminuiu, mas muitos evangélicos ainda são cautelosos.
“Agora há um reconhecimento abundante de que pessoas com alegações da verdade suprema ainda podem ter um diálogo construtivo”, afirmou ele. “E, se você os excluir, exclui a maioria dos crentes religiosos do mundo — as mesmas pessoas que mais precisam de conversas construtivas.”
O número dessas conversas parece estar aumentando. A Equipe de Relações Cristãs-Muçulmanas de Shenk atingiu uma média de 4.500 pessoas por ano, em 12 países, nos últimos cinco anos. Eles foram convidados a distribuir mais de 2.000 cópias do Diálogo de Shenk na convenção nacional da Sociedade Islâmica da América do Norte — a única agência cristã oficialmente representada.
O Peace Catalyst International, grupo que Love fundou, agora tem 30 funcionários em 18 cidades e três países, incluindo Bósnia e Indonésia. Quase 10.000 pessoas de todas as religiões participaram de eventos de promoção da paz no ano passado, 33% a mais do que há três anos.
Cumming sustenta que os evangélicos estavam certos ao suspeitar de uma agenda liberal no diálogo inter-religioso tradicional. Muito disso foi hostil à insistência evangélica nas reivindicações únicas de Jesus Cristo. Mas isso mudou, em parte por causa do trabalho que Cumming, Love e Shenk fizeram e da maneira como se deixaram mudar com o chamado para amar ao próximo e compartilhar as boas-novas.
“Sou um convertido ao diálogo inter-religioso”, disse Cumming. “Eu virei 180 graus.”
Jayson Casper é o correspondente no Oriente Médio para a Christianity Today.