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12/12/2024

Família

Aumento de ataques violentos nas escolas acende alerta

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Quatro professoras e um aluno foram esfaqueados na manhã desta segunda-feira (27) dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, Zona Oeste da capital paulista. Uma das professoras, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário da USP.

O agressor, um aluno de 13 anos do oitavo ano na escola, foi desarmado por professoras, apreendido por policiais e levado para o 34° DP, onde o caso foi registrado.

Mais uma vez somos surpreendidos por uma tragédia envolvendo estudantes.

O aumento de casos de violência com armas (arma branca ou de fogo) em escolas alerta estudantes, pais e educadores. Um levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz mostra que, entre 2002 e 2019, foram oito situações. Em 2022 foram registrados cinco casos.

A violência dentro de escolas brasileiras se torna uma preocupação cada vez maior. Não existem estudos que expliquem os motivos exatos para esse crescimento, mas especialistas em educação e em segurança pública apontam algumas hipóteses, que vão desde o aumento do número de armas nas mãos de civis até o comprometimento da saúde mental de crianças e adolescentes. 

No Brasil, o histórico de ataques nas escolas é recente — um dos casos de maior repercussão foi o de Realengo, no Rio de Janeiro, em 2011, que deixou 12 mortos. Nos Estados Unidos, onde há registros desde os anos 1940, psicólogos, como Peter Langman, se dedicam a estudar o fenômeno há décadas. No país, entre 1966 e 1975, aconteceram três casos. Entre 2006 e 2015, o número subiu para 19.

Segundo o psicólogo, não há um perfil específico para esses atiradores, mas todos são diagnosticados com transtornos e doenças mentais. 

“Muitos fatores precisam se cruzar para uma pessoa cometer um crime como esse”, diz. Ele afirma que o bullying por si só não motivaria um assassinato em massa. Afinal, a vasta maioria das vítimas não comete crimes como esse, mas conclui: “A escola pode, no entanto, diagnosticar os sinais de alerta e fazer uma intervenção”.

A deputada estadual e psicóloga Patrícia Gama em depoimento em seu instagram falou sobre a importância de políticas públicas para a saúde mental dos jovens.

“O bullying e o racismo é uma das principais preocupações no ambiente escolar e pode contribuir significativamente para problemas de saúde mental em estudantes.
Como deputada estadual, tive o compromisso com a promoção da saúde mental e bem-estar emocional dos jovens em São Paulo. Por isso, criei a Lei nº 17.413 que autoriza o Poder Executivo a criar o Programa de Suporte Emocional para Crianças e Adolescentes nas Escolas Públicas do Estado de São Paulo.

Sabemos que a saúde mental é uma questão fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes. Infelizmente, muitos jovens sofrem com problemas emocionais que afetam diretamente seu desempenho escolar e sua qualidade de vida”.

O Programa de Suporte Emocional nas Escolas Públicas do Estado de São Paulo tem como objetivo oferecer apoio emocional à crianças e adolescentes em situações de vulnerabilidade, incluindo casos de bullying, abuso sexual, problemas familiares e outras questões que afetam diretamente sua saúde mental.


Preparar profissionais da educação como professores e agentes escolares com ferramentas da área psicológica pode ser uma figura fundamental nas escolas, não só para atender os alunos que já apresentam problemas de saúde mental, mas também para prevenir situações extremas, como ataques violentos, acrescenta Patrícia Gama.

Na avaliação de Luciene Tognetta, pesquisadora e professora do Departamento de Psicologia da Educação da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o país tem reunido fatores, que, somados, fizeram aumentar as ocorrências. “Normalmente, os casos são associados ao bullying, e há uma situação de vitimização por um grande período de tempo, acirrada por outras questões, como as relações que o indivíduo estabelece com a família, com pais negligentes ou autoritários”.

Segundo ela, é preciso pensar o quanto as relações virtuais precisam ser uma temática explorada pela escola.

A deep web é um ponto de encontro onde muitas vezes casos assim recebem reconhecimento e são vistos não só como naturais mas como algo até heroico.

Podemos concluir que dificuldades de convivência, o aumento da violência em geral, o afastamento das escolas, os problemas sócio emocionais crescentes e a influência das redes sociais são alguns fatores que impulsionam esses ataques.

Países que conseguiram vencer essas situações e reduzir o número de problemas foram os países que mais investiram em educação e em políticas públicas. Em vez de investir em vigilância, aplicar políticas públicas para formação específica de professores e de resolução de conflitos entre alunos pode ser a chave para o enfrentamento do problema.

Por Ana Lopes