Londres – Um vídeo polêmico de uma campanha publicitária da maior marca de laticínios da Coreia do Sul viralizou nas redes sociais e fez com que a empresa tivesse que se desculpar com os consumidores – e principalmente com as consumidoras.
A criativa agência de propaganda resolveu fazer uma homenagem às mulheres, comparando-as à doçura e à vida natural das vacas. Mas muita gente não achou graça, e a Seoul Milk ganhou fama mundial, só que negativa.
Em agosto, um outro vídeo publicitário polêmico também saiu do ar, na Espanha. O filme, mostrando um gay que se transformava em homem hétero após comer um cocolate Snickers, foi considerado homofóbico.
O vídeo polêmico
O anúncio da marca coreana, veiculado no YouTube, começa com um homem filmando secretamente um grupo de mulheres em um campo – ou pasto – perto de um riacho.
Uma voz lembrando a locução de documentários de natureza descreve a dieta delas e a vida livre de estresse, mostrando uma bebendo água de uma folha e outras praticando ioga.
O narrador diz:
‘Finalmente conseguimos capturá-las com a câmera em um lugar imaculado, onde a natureza é preservada em sua pureza.
‘Elas bebem água limpa da natureza pura, adotam uma dieta orgânica ecológica e vivem em paz em um ambiente agradável. Vou tentar abordá-los com cautela … “
Quando ele se aproxima, pisa em um galho e acaba chamando a atenção de uma das mulheres. Todas são então transformadas em vacas malhadas. Ao final, uma muge alto para a câmera, parecendo bem estressada depois de ter sua paz perturbada.
Anúncio foi removido do YouTube
O vídeo polêmico desencadeou reação nas mídias sociais tão logo postado no canal oficial da Seoul Milk no YouTube, no dia 29 de novembro. Mas ficou um bom tempo lá, e só foi removido em 8 de dezembro. Já era tarde, pois a história se espalhou pelo mundo.
Um dos comentários postados sobre o vídeo ironizava o briefing dado ao departamento de marketing e o resultado final:
CEO da Seoul Milk: Quero que todos no mundo falem sobre o nosso leite.”.
Resposta do departamento de propaganda: “Entendemos a missão”
A Seoul Milk acusou o golpe e não tentou justificar a desastrada campanha, nem revelou a agência responsável pela peça. A empresa disse em uma nota:
‘Nós sinceramente pedimos desculpas a todos que se sentiram desconfortáveis ao ver nosso vídeo de propaganda do leite no canal oficial do Seoul Milk no YouTube, postado em 29 de novembro.
“Estamos levando o assunto a sério e tomaremos medidas mais cuidadosas para evitar que problemas semelhantes ocorram no futuro. Mais uma vez, abaixamos nossas cabeças e pedimos desculpas a todos os consumidores que se sentiram incomodados com este anúncio.”
Não adiantou muito, pois as críticas se acumularam nas redes sociais da Seoul Mike. O jornal The Korean Herald destacou algumas:
“Nunca mais beberei Seoul Milk de novo”
“Os humanos nunca serão descritos como gado e as câmeras de espionagem nunca podem ser usadas como material de propaganda. Percebi o quanto a empresa é insensível ao gênero este ano. ”
Vídeo criticado também por incitar crime
O problema da campanha publicitária não foi só o sexismo. O vídeo polêmico despertou comparações com os crimes ‘molka’ – que envolvem homens filmando mulheres secretamente sem seu consentimento.
Molka, que significa literalmente “câmera secreta”, tornou-se um grande problema para as mulheres na Coréia do Sul.
Comentários nas redes sociais criticaram a associação com o ato de capturar imagens de mulheres de forma oculta.
Para piorar, nem todas as pessoas retratadas na cena eram mulheres. Citando um funcionário da empresa de laticínios, o jornal The Korea Herald disse que a maioria, ou seis entre oito pessoas, representadas na cena problemática eram na verdade homens.
Embora tenha se desculpado, a Seoul Milk não pode alegar falta de experiência anterior com campanhas polêmicas. Em 2003, a empresa encenou uma performance em que modelos nuas borrifaram iogurte umas nas outras.
O gerente de marketing da Seoul Dairy Cooperative, o chefe da agência de relações públicas, o diretor do evento e as modelos foram multados por obscenidade, segundo o jornal The Korea Herald.
Fonte:https://mediatalks.uol.com.br