Agentes da inteligência pressionaram as igrejas a se posicionarem contra as manifestações
As celebrações de Natal e Ano Novo tradicionais das igrejas armênias no Irã foram canceladas em 2022. O cancelamento foi interpretado como apoio aos protestos recentes. A igreja Vank, que fica em Isfahan, no Centro do Irã, é uma das maiores do país, conhecida pelas decorações natalinas e queima de fogos no Ano Novo que atraem multidões todos os anos, e surpreendeu com o silêncio e escuridão durante as festas.
A igreja colocou um grande banner avisando que não faria as celebrações em 2022. No dia 31, alguns iranianos tentaram entrar na igreja para fazer um culto simples, mas havia policiais armados na entrada do templo que os mandaram embora, segundo o portal de notícias Article 18.
Pressão e prisões
Antes do Natal, agentes da inteligência iraniana pressionaram igrejas cristãs armênias e assírias para publicarem notas criticando os protestos no Irã, já que elas correspondem à minoria cristã, muito engajada com as manifestações. Por terem origem nos países vizinhos, os cristãos são discriminados e, apesar de não serem reconhecidos como cidadãos plenamente, o regime iraniano os usa para fins de propaganda.
O motivo oficial impresso no banner era de que as celebrações na igreja Vank foram canceladas para reparos no templo, pois em breve ela será registrada como um Patrimônio Mundial da Unesco. Mas muitos entenderam que a ação, exatamente durante as festas de fim de ano, foi um sinal de apoio aos protestos que começaram em setembro, depois da morte da jovem Mahsa Amini.
Dezenas de cristãos armênios e assírios que vivem no Irã gravaram mensagens de apoio aos protestos nas redes sociais e 50 jovens assírios foram advertidos pelas declarações nas redes. Em novembro de 2022, uma cristã assíria de 38 anos, Bianka Zaia, foi presa sob alegação de “propaganda contra o Estado” por ter apoaido os protestos nas redes sociais. Depois de quase um mês na prisão, ela pagou a fiança de 500 mil dólares e foi liberta.