Entre janeiro e julho deste ano foram registrados mais de 300 ataques a cristãos que são submetidos a linchamentos públicos, demolições de casas, ataques a igrejas por hindus e prisões baseadas na lei anticonversão
Os estados-membros da ONU pediram à Índia que proteja as minorias religiosas (entre elas cristãos e muçulmanos) do aumento do discurso de ódio, discriminação e violência.
O histórico humano da Índia estava sob os holofotes em 10 de novembro durante a Revisão Periódica Universal do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra. Uma dúzia de estados foram incisivos ao pedir ao governo indiano para tomar medidas para defender os direitos das minorias religiosas: garantir que as leis anticonversão não infrinjam o direito à liberdade de religião e crença, investigar casos de violência religiosa e discriminação por motivos religiosos, e condenar a violência e o discurso de ódio contra as minorias religiosas.
A violência contra as minorias religiosas na Índia tem aumentado recentemente, especialmente contra cristãos. Eles têm sido submetidos a crescentes linchamentos, espancamentos públicos, demolições ilegais de casas, leis discriminatórias de cidadania. Congregações e igrejas cristãs foram atacadas por multidões hindus que criaram leis anticonversão rigorosas contra o grupo minoritário.
O United Christian Forum registrou mais de 300 ataques a cristãos nos primeiros sete meses de 2022, contra 486 incidentes violentos em 2021.
No mês passado, um especialista da ONU pediu a criação de um Mecanismo de Investigação Independente à luz do crescente discurso de ódio, violência contra minorias e crescente impunidade. “Nesse contexto, lamentamos a decisão da semana passada da Suprema Corte indiana de pedir ao governo que aja contra a chamada “conversão religiosa forçada” (leia abaixo). A decisão vem em resposta a uma petição apresentada ao Tribunal alegando que “conversão religiosa fraudulenta” é um “problema nacional” sem fatos ou dados para apoiar essas alegações” disse o especialista.
A falta de tais dados, e o uso de termos como “sedução” pela Suprema Corte sem definir o que isso significa, levantam preocupações de que o governo da Índia irá minar ainda mais o direito à liberdade de religião na luta contra os chamados “religiosos forçados” à conversão.
Durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos em março de 2023, o governo da Índia comunicará ao Conselho quais recomendações ele aceita e quais recomendações ele apenas observa (e, portanto, não aceita). As recomendações aceitas devem ser implementadas dentro de uma janela de 5 anos antes da próxima revisão do grupo, observando a Índia.
Suprema corte indiana contra cristãos
No dia 14 de novembro, dois membros da Suprema Corte indiana aceitaram e aprovaram a petição de Ashwini Uppadhyay, líder de uma organização extremista. Ashwini afirmou no documento que as conversões ao cristianismo na Índia eram compulsórias e que as leis anticonversão deveriam ser ampliadas para proteger a nação.
A petição também alega que a maioria das conversões forçadas acontecem nas áreas tribais e que os pobres e necessitados recebem alimentos para serem forçados a seguirem o cristianismo. As denúncias aumentaram por causa da proximidade do Natal, época em que muitos cristãos demonstram generosidade e cuidado, sobretudo com famílias carentes.
Os juízes pediram uma intervenção estatal rígida. James (pseudônimo), um parceiro local, afirmou: “A Suprema Corte acredita que as conversões ao cristianismo são falsas sem qualquer prova legal, baseados em propagandas anticristãs de grupos extremistas. A solicitação deve aumentar a adesão às leis anticonversão que até agora estavam em vigor apenas em 11 estados indianos”.
O Tribunal Superior de Delhi recusou a petição que fomenta as leis anticonversão: “Não há provas suficientes que indiquem que as conversões ao cristianismo são forçadas ou manipuladas”. No entanto, outros estados parecem inclinados a aprová-las. A próxima audiência está agendada para o dia 28 de novembro.
A Perseguição a Cristãos na Índia
A perseguição aos cristãos na Índia se intensifica, visto que extremistas hindus visam limpar o país da presença e influência deles. A força motora por trás disso é a hindutva, uma ideologia que não considera os cristãos indianos e outras religiões minoritárias como verdadeiros indianos. Como os cristãos geralmente têm alianças fora da Índia, a hindutva alega que o país deve ser purificado da presença deles.
Isso tem levado cristãos e outras minorias religiosas a serem alvo sistêmico, muitas vezes de forma violenta e cuidadosamente orquestrada, incluindo o uso de mídias sociais para disseminar notícias falsas e espalhar ódio.
O país ocupa a 10ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2022, que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo
A História da Foto
Na foto, uma jovem indiana cristã de pouco mais de 20 anos. Seu nome é Merh. Ela que foi atacada brutalmente por extremistas hindus por causa de sua fé. Mehr sofreu um trauma profundo por causa do ataque e levou meses se curar completamente. Os extremistas que a atacaram a rastrearam até o hospital e tentaram influenciar os médicos a não tratá-la adequadamente. A Portas Abertas a resgatou e a ajudou com o tratamento em um hospital melhor.
Apoie cristãos indianos
Muitos estados mantêm a postura dos juízes citados na notícia e prendem ou atacam cristãos por causa da fé em Jesus. Mas você pode ajudar a cuidar de cristãos indianos presos ou traumatizados pela perseguição na Índia.
Acesse https://bit.ly/ajudecristaosIndia e saiba como ajudar.