A iniciativa do presidente Jair Bolsonaro em criar um escritório comercial em Jerusalém desagradou parcela do eleitorado evangélico e outras lideranças religiosas. De acordo com veículos de imprensa, a estratégia também teria desagrado Israel, apesar de nenhuma manifestação pública ter sido feita expressando a insatisfação.
Um dos críticos da iniciativa foi o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PODE-SP): “Respeito a abertura do escritório, porém o segmento evangélico, um terço do eleitorado brasileiro, que deu uma vantagem de 11 milhões de votos ao Bolsonaro, confia que ele cumprirá sua palavra e em breve mudará a embaixada brasileira para Jerusalém”, afirmou, em publicação nas redes sociais.
A abertura do escritório em Jerusalém segue uma estratégia de mudança “paulatina”, como explicou o pastor Silas Malafaia, amigo pessoal de Bolsonaro e com quem o presidente teria discutido o assunto.
No entanto, portais de notícia com viés de esquerda enfatizaram as críticas precoces de parte dos fiéis evangélicos à estratégia. “Políticos e lideranças evangélicas ficaram descontentes com a decisão de Jair Bolsonaro abrir ‘só um escritório’ em Jerusalém, em vez da prometida mudança da embaixada brasileira em Israel, que segue em Tel Aviv”, noticiou o portal Revista Fórum.
Outro líder evangélico que se manifestou de maneira insatisfeita foi o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que concedeu entrevista ao jornal Folha de S. Paulo: “Lamento profundamente a decisão do presidente de abrir só um escritório de negócios do Brasil em Jerusalém. O compromisso com o povo evangélico e judeu é outro. Confio que o presidente tem uma só palavra! Aguardamos a transferência”, declarou o parlamentar.
A postura de Sóstenes, que é afilhado político de Malafaia, não é similar à do pastor presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), que questionou o motivo de tanta comoção em torno do assunto: “Em que lugar Bolsonaro falou que iria transferir a embaixada por ocasião de sua visita a Israel? Nenhum. O processo está apenas começando, vamos ver o final”, recomendou.
“Bolsonaro disse para mim que a mudança seria paulatina. Ele já disse que o casamento está marcado. Os americanos, um monstro de potência, levaram nove meses. Por que um governo que não tem nem cem dias vai fazer [de imediato]? Falei que o presidente tem que ser macho [para tocar a transferência adiante] não no sentido de masculinidade, mas de coragem, audácia”, acrescentou Malafaia, em entrevista à jornalista Anna Virginia Balloussier.
O enorme burburinho levou o próprio Bolsonaro a reagir para conter a polêmica. Na última segunda-feira, 01 de abril, pediu calma: “Tem o compromisso [de mudar a embaixada para Jerusalém], mas meu mandato vai até 2022. E tem que fazer as coisas devagar, com calma, sem problema”, disse, segundo informações da BBC.
*Com informações de Folha de São Paulo.