Cidade do Vaticano, 7 Set 2021 (AFP) – O Vaticano, que nesta terça-feira (7) apresentou um manual de instruções para realizar uma consulta sem precedentes entre seus fiéis em dioceses de todo o mundo, não deu nenhum sinal de abertura sobre o voto das mulheres durante um sínodo.
O próximo sínodo dos bispos, uma assembleia de bispos de todo o mundo e um momento-chave de um pontificado, acontecerá em dois anos, em outubro de 2023.
Para se preparar para isso, no dia 10 de outubro, o papa Francisco lançará a primeira fase, que consiste em pedir às igrejas locais para questionar o maior número possível de crentes e membros da sociedade por seis meses.
Uma forma de o sumo pontífice fazer com que padres e bispos reflitam sobre a sua missão e os faça ir para o terreno.
O documento preparatório apresentado hoje sublinha “o pedido de maior valorização da mulher”, apresentado em sínodos anteriores.
Questionado pela imprensa sobre a aspiração das mulheres de votar nas conclusões de uma assembleia geral de bispos (que faz propostas ao papa), o cardeal Mario Grech – secretário-geral do sínodo dos bispos – deu poucas esperanças.
“Não é o voto que conta, mas o fato de um sínodo ser um processo que envolve todo o povo de Deus”, comentou.
Para ele, as mulheres e os homens devem participar nesta ampla consulta “espiritual” da Igreja Católica, que conduzirá a breves sínteses realizadas pelas igrejas locais.
No início do ano, o papa Francisco nomeou a freira francesa Nathalie Becquart subsecretária do sínodo dos bispos, a primeira mulher a ocupar este cargo e a primeira a ter direito de voto neste cenáculo tão fechado.
Nesta terça, simplesmente convidou as mulheres a participarem amplamente da primeira fase do sínodo.
No documento anterior a esta grande consulta aos fiéis, o Vaticano afirma que “será de suma importância escutar a voz dos pobres e dos excluídos e não apenas daqueles que ocupam um papel ou responsabilidade dentro das igrejas”.
“A Igreja deve enfrentar a falta de fé e a corrupção até dentro de si mesma. Não podemos esquecer o sofrimento de menores e adultos vulneráveis devido aos abusos sexuais, abuso de poder e de consciência cometido por um número significativo de clérigos e pessoas consagradas”, destaca o texto.
“Há muito que a Igreja não consegue ouvir suficientemente o clamor das vítimas. São feridas profundas, difíceis de curar e pelas quais nunca pediremos perdão suficiente”, acrescenta.
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