A moda evangélica deixou de ser motivo de chacota para estar na boca do povo nas redes sociais por conta da ascensão de influenciadoras que mostram seus looks para irem ao culto.
Para se ter uma ideia do sucesso, uma trend no TikTok com a hashtag #lookdoculto acumula mais de 125 milhões de visualizações. Já no Instagram, há cerca de 1 milhão de publicações com essa hashtag.
Nesses vídeos, mulheres evangélicas compartilham suas escolhas de vestuário para frequentar a igreja, detalhando desde produtos de beleza até sapatos. Esse tipo de conteúdo, que também faz sucesso entre jovens se preparando para eventos como o Lollapalooza, diverge na música de fundo e nas roupas apresentadas.
A moda evangélica passou por mudanças significativas nos últimos dez anos, impulsionada, em parte, por influenciadoras que conquistaram espaço nas redes sociais. Renata Castanheira, dona do perfil @crentechic e membro da Congregação Cristã no Brasil, conversou com a Folha de São Paulo sobre a transformação desse cenário e afirmou que “não é mais verdade que só usar saia jeans bordada é coisa de crente”. Segundo ela, a moda evangélica atual conta com estilistas tão competentes quanto os do mundo secular.
Influenciando cerca de 700 mil seguidores diariamente, Renata apresenta coleções de marcas e dá dicas de moda em parceria com lojas do segmento, sem comprometer suas convicções religiosas. Ela enfatiza que não negocia sua doutrina, recusando pedidos de publicidade para calças e bermudas, que vão contra as orientações da igreja pentecostal.
A vestimenta na moda evangélica está intrinsecamente ligada às percepções de gênero das igrejas cristãs, com diferentes interpretações e restrições. Enquanto algumas igrejas mais tradicionais vetam o uso de calças compridas para mulheres, outras, voltadas para um público mais jovem, flexibilizam essas regras.
Maria Eduarda Guimarães, docente de design de moda, destaca que as influenciadoras digitais têm contribuído para impulsionar marcas específicas para esse mercado, incorporando tendências sem comprometer o princípio da modéstia na vestimenta feminina.
Dados de pesquisas indicam um expressivo crescimento na procura por moda evangélica nos últimos anos, refletindo também o aumento significativo de templos evangélicos no país, que cresceram 228% em duas décadas, segundo o Ipea.
Essa busca por identidade na moda, alinhada aos preceitos religiosos, ganha espaço entre as influenciadoras, como Aline Souza, do perfil @estilosaecrente, que busca apoiar mulheres cristãs de maneira divertida. Ela destaca a importância de respeitar a diversidade de corpos e gostos pessoais, mesmo enfrentando conflitos com as regras estabelecidas pela igreja.
Diante desse cenário diversificado e em constante evolução, a moda evangélica se posiciona como um mercado em ascensão, refletindo não apenas um estilo de vestir, mas também um espaço de expressão e identidade para mulheres cristãs em todo o Brasil.
Exibir Gospel / Leiliane Lopes