A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro entrou com uma ação judicial contra o pastor evangélico Wilson Félix da Silva por promover discurso de ódio contra religiões de matrizes afro-brasileiras. O pastor teria relacionado a representação de Iemanjá a “coisas maléficas” que poderiam afetar o município de Mangaratiba, a 85 km da capital, e convocado seus seguidores para uma “guerra espiritual”.
O Ministério Público Federal (MPF) destacou a obrigação do Estado de proteger a diversidade cultural e pediu que o pastor fosse condenado a pagar uma indenização de R$ 100 mil por “violações aos direitos fundamentais”.
A Procuradoria apontou a violação de direitos de “grupos historicamente vulneráveis devido à intolerância religiosa e ao racismo cultural”.
Jaime Mitropoulos, procurador regional dos Direitos do Cidadão no Rio, ordenou o envio de uma cópia do vídeo para investigação criminal, solicitando apuração sobre possível crime de “praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
Conforme a ação judicial apresentada à Justiça Federal do Rio, as declarações de Félix foram motivadas pela inclusão do evento “Águas de Axé” no calendário oficial de Mangaratiba.
No vídeo, removido após repercussão negativa, o pastor convocou seus seguidores para evitar que a Praia de Jacareí, em Mangaratiba, se transformasse em “lama”, como, segundo ele, teria acontecido na Praia de Sepetiba, onde há uma escultura de Iemanjá.
Para o MPF, o pastor usou sua “posição de líder religioso, em um culto assistido por dezenas de fiéis e publicado na internet para um número incalculável de pessoas” para promover um discurso que “discrimina, deprecia, humilha, estigmatiza e demoniza” as religiões de matrizes afro-brasileiras e seus praticantes.
“O discurso constitui cristalina discriminação contra as manifestações culturais afro-brasileiras, à medida que desumaniza e associa a valores negativos por meio de estereótipos e estigmas discriminatórios, demonstrando que as vítimas devem se ‘comportar de acordo com as expectativas criadas e lugares socialmente atribuídos a elas’ por quem se imagina numa posição de superioridade social”, alegou o Ministério Público Federal. As informações são do Estado de São Paulo.
Redação Exibir Gospel