Um estudo publicado na Revista Mexicana de Opinión Pública apontou que 52% dos evangélicos no Brasil se declaram de direita. O dado, obtido a partir do Termômetro da Campanha (Ipespe/Abrapel), confirma o peso desse segmento nas eleições de 2022, quando a maioria do grupo apoiou o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A pesquisa comparou a posição ideológica dos evangélicos com a da população em geral. Enquanto 52% dos evangélicos se disseram de direita, apenas 34% dos demais brasileiros se colocaram nesse campo. Do outro lado, 18% dos evangélicos se declararam de esquerda, número bem abaixo dos 28% registrados entre os demais.
Os autores observaram que, no interesse por política, evangélicos e outros grupos não apresentaram diferenças relevantes. Porém, quando o assunto é ideologia, a diferença aparece com força. Esse alinhamento é explicado não apenas por fatores econômicos, mas também por elementos religiosos e culturais, que reforçam a defesa da família tradicional, a oposição ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo os pesquisadores, a identidade religiosa dos evangélicos ajudou a manter a avaliação positiva do governo Bolsonaro, mesmo diante de indicadores econômicos negativos. Essa ligação se expressou no voto, consolidando o apoio ao candidato identificado com pautas conservadoras e nacionalistas.
O artigo também destacou o papel das redes sociais. De acordo com dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 92% dos evangélicos participam de grupos de WhatsApp — índice mais alto que o de católicos (71%) e espíritas (57%). Esse ambiente favorece a disseminação de informações falsas, já que há maior confiança em mensagens compartilhadas dentro de círculos religiosos.
Os autores ainda chamaram atenção para a narrativa de “luta entre o bem e o mal”, presente em setores do movimento evangélico e incorporada ao discurso político. Essa perspectiva ajudou a consolidar a aproximação entre religião e política, reforçando a adesão do segmento à direita no país.
Portal Exibir Gospel