O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, levantou questões sobre a combinação de “ódio” e “violência” com a religiosidade utilizada por invasores que atacaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
Durante o evento “Democracia Inabalada” no Congresso Nacional nesta segunda-feira (8), Barroso compartilhou um relato recebido da segurança da Suprema Corte, no qual observou invasores invocando Deus enquanto vandalizavam o patrimônio público e proferiram discursos de ódio contra os ministros da Corte.
O ministro descreveu que, após danificarem as estruturas e lançarem móveis e objetos, muitos dos invasores se ajoelharam para rezar fervorosamente. Barroso questionou a incompatibilidade entre a religiosidade demonstrada e a presença de ódio, violência e desrespeito ao próximo.
“Após marretadas nas paredes e arremessos de móveis e objetos, muitos dos invasores se ajoelharam no chão e rezavam fervorosamente. De onde, Deus do céu, pode ter saído essa combinação implausível de religiosidade com ódio, violência e desrespeito ao próximo”, disse o ministro.
Em seguida, ele indagou sobre o distanciamento espiritual que não faz distinção entre o bem e o mal, entre o estado natural e a civilização. Ele indagou sobre a inspiração por trás dessas ações que conduziram essas pessoas a uma queda moral.
Segundo Barroso, a destruição física dos prédios públicos não abalou o simbolismo de cada um dos Poderes, representando “a vontade majoritária do povo”. Ele também rotulou a mudança de cidadãos “comuns” para criminosos, punidos pelos danos causados durante as invasões, como uma “derrota de espírito”.