A União Nacional das Igrejas e Pastores Evangélicos (Unigrejas) emitiu uma nota contrária ao desaparecimento de informações históricas sobre a influência do cristianismo dos livros de ensino de História distribuídos aos alunos do ensino fundamental. A organização critica a omissão da contribuição cristã para a formação cultural, histórica e identitária do Brasil, destacando que tal negligência fere princípios constitucionais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Segundo a Unigrejas, dois livros didáticos em especial—“Objetivo: Sistema de Ensino — 3º ano — 4º Bimestre” e “Formando Cidadãos: Sistema Integrado de Educação”—têm limitado o conteúdo histórico às contribuições dos povos indígenas e africanos, mencionando superficialmente a influência de outros grupos imigrantes e omitindo totalmente a relevância de católicos, evangélicos e judeus. Essa situação foi verificada e confirmada pelo Instituto Brasileiro de Direito e Religião, que emitiu um parecer através de seu Grupo de Estudos Constitucionais e Legislativos.
A nota da Unigrejas reforça que o cristianismo é a religião de quase 90% da população brasileira, sendo que 50% dos cidadãos se identificam como católicos e aproximadamente 30% como evangélicos. A organização também destaca o crescimento exponencial do grupo evangélico, que pode se tornar maioria nas próximas décadas. Essa presença marcante tem suas raízes na colonização portuguesa, apoiada pela Igreja Católica Romana, e na chegada de missionários protestantes e evangélicos ao longo do século XIX, incluindo denominações como batistas, presbiterianos e metodistas.
Para a Unigrejas, a omissão da contribuição cristã nos livros didáticos configura “desonestidade intelectual” e representa uma afronta ao direito de educação plena e plural garantido pela Constituição de 1988. A entidade aponta que os artigos 5º, inciso VI; 19, incisos I e II; 205; e 206, incisos II e III, além do artigo 26 da LDB, asseguram a inclusão de todas as culturas e confissões de fé na formação educacional. Embora o artigo 26-A da LDB enfatize as culturas africanas e indígenas, a Unigrejas defende que essa ênfase não deve excluir ou omitir outras influências históricas e culturais.
“A contribuição cultural do cristianismo é inquestionável, e omitir esse fato da história configura um ato de desonestidade intelectual por parte dos educadores que editaram os referidos livros”, afirma a nota assinada pelo presidente da Unigrejas, bispo Celso Rebequi.
A entidade solicita uma revisão editorial dos materiais didáticos, visando assegurar que a história do Brasil seja retratada de maneira ampla e verdadeira, em conformidade com os dispositivos legais e com o princípio de pluralidade na educação.
A manifestação da Unigrejas ocorre em um contexto de debates sobre a representatividade e a diversidade nos conteúdos escolares, levantando questões sobre como equilibrar a inclusão de diferentes culturas e confissões religiosas na formação educacional das novas gerações.
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