Entenda como a pandemia da COVID-19 agravou ainda mais a situação enfrentada por cristãos sírios
A Síria enfrentou crise após crise ao longo dos últimos dez anos. A guerra chegou com todos as terríveis consequências de perda humana, destruição e deslocamento. Agora, ela se materializa em uma crise econômica que gradualmente se aprofunda devido às sanções internacionais, o que faz a economia colapsar ainda mais.
Em meio a isso, a COVID-19 começou a se espalhar em março de 2020 e, no mesmo ano, imensos incêndios florestais se espalharam pelo país. Com as pessoas vivendo em necessidade extrema, a propagação da COVID-19 tornou os cristãos ainda mais vulneráveis, precisando de provisão urgente. Os que tinham renda antes da pandemia foram afetados negativamente pela inflação e recessão econômica que o país enfrenta.
Por meio de parceiros locais, a Portas Abertas decidiu intensificar a ajuda emergencial devido à COVID-19. Desde que o novo coronavírus começou a se espalhar, foram distribuídos mais de 21 mil pacotes com itens emergenciais. As igrejas puderam escolher qual tipo de ajuda receberiam. Algumas focaram em alimentos, enquanto outras distribuíram kits de higiene com materiais para desinfecção e máscaras. Diversos parceiros focaram em conscientização para a prevenção do contágio do vírus.
Esse foi o caso da Igreja do Nazareno, em Latakia, onde Judy George é uma das responsáveis pelas distribuições. “O novo coronavírus afetou muito nossa vida e nosso país. No começo, o governo impôs um lockdown para limitar a propagação do vírus. Mas isso teve um impacto ruim na economia que, por causa da guerra, já tínha problemas”, ela disse.
Diferentes tipos de ajuda
Saiba mais sobre os 10 anos de guerra na Síria e conheça o alcance do trabalho da Portas Abertas no país
A igreja de Judy apoiou os necessitados com diferentes tipos de ajuda. “Nós distribuímos comida para centenas de famílias, demos máscaras e esterilizantes, e oferecemos ainda ajuda médica, com vitaminas para melhorar o sistema imunológico das pessoas. Graças ao seu apoio, nós ajudamos essas famílias com comida e itens para protegê-las contra o vírus. Sua ajuda mostra que há pessoas que se importam conosco.”
Ibrahim*, um dos membros da equipe de parceiros locais na Síria disse: “Como resultado da guerra, muitos cristãos perderam a fonte de renda, lojas e até mesmo casas. Muitos fugiram de suas cidades e vilas para protegerem suas famílias. Além disso, a moeda síria caiu drasticamente e os salários dos que têm emprego passaram a não serem suficientes para cobrir as necessidades básicas da família. Como resposta a isso, ajudamos os deslocados internos, que não tinham abrigo ou a quem recorrer, aqueles que perderam seus negócios e os que não estão aptos a se reestruturar ainda”.
Mousa Sankari, que trabalha com Judy na Igreja do Nazareno em Latakia, disse: “Desde o começo da pandemia, ajudamos um total de 1,2 mil famílias”. Ele compartilha também como a igreja dele foi atingida pelo vírus. “Nosso pastor e a esposa dele contraíram o vírus. Sua ajuda permitiu que os ajudássemos com os medicamentos e os custos do hospital. Porém, infelizmente, os dois faleceram. Foi realmente doloroso perder ambos.”
Por não estar mais nas manchetes, muitos acham que a Síria está bem agora, mas ele explica: “A necessidade na Síria é extrema. A guerra não acabou, as sanções não estão suspensas e a crise econômica gerou falta de diesel, comida, eletricidade e até medicamentos. Além disso, a pandemia não acaba, o que é uma grande ameaça à vida das pessoas. Infelizmente, a situação está indo de mal a pior. Mas nós agradecemos a Deus que, com sua ajuda, podemos apoiar os cristãos. Independentemente do que aconteça, enfrentaremos todas essas lutas”.
*Nome alterado por segurança.
Mesmo em meio à pandemia da COVID-19, os projetos de geração de renda continuam mudando a vida de cristãos sírios, como Shadia, que abriu uma farmácia
Muitas famílias foram levadas à pobreza por causa dos dez anos de guerra na Síria. A crise econômica faz com que elas comprem e comam menos. A Portas Abertas assiste famílias mensalmente para que tenham o mínimo para sobreviver. Com uma doação, você garante a sobrevivência de famílias que recebem cestas básicas nos Centros de Esperança por dois meses.