Coalizão de cristãos denunciou violações da liberdade religiosa
O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sediou uma audiência no dia 11 de novembro para avaliar denúncias sobre a Argélia. Diversos alertas foram enviados sobre as violações que o país tem praticado. Uma coalizão formada pelas organizações Aliança Evangélica Mundial, The World Council of Churchs, Middle East Concern e igrejas locais na Argélia organizou a pesquisa e o relatório enviados.
No documento, a coalizão demonstrou como a liberdade religiosa está se deteriorando no país: “As autoridades fazem propaganda sistemática contra os cristãos e as igrejas locais”. A Argélia subiu duas posições na Lista Mundial da Perseguição 2022 por causa da crescente pressão à igreja, segundo pesquisadores da Portas Abertas. Hoje ela ocupa o 22º lugar no ranking que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo.
Desde janeiro de 2018, ao menos 26 igrejas foram fechadas. Outras 16 estão na fila de espera para serem registradas oficialmente desde que a lei em 2006 passou a obrigar igrejas não muçulmanas a terem um registro oficial. Uma comissão nacional foi organizada para fazer os registros das igrejas, mas nunca funcionou de fato e até agora não emitiu a licença de igreja alguma.
No começo deste ano, o governo também processou um pastor e o pai dele e interditou uma igreja de 90 membros na vila de Ait Atteli. Em abril, a Igreja de Aouchiche, na cidade de Bejaia recebeu a ordem do governador para interromper as atividades eclesiásticas.
Pouco depois, 11 cristãos argelinos receberam a sentença de prisão de seis meses ou pagamento de uma multa de aproximadamente 690 dólares por “adoração não muçulmana proibida” no Centro-Norte do país.
Perseguição a cristãos no país
Como uma pequena porcentagem da população da Argélia, os cristãos enfrentam obstáculos quanto à liberdade religiosa. As leis que regulam a adoração não muçulmana proíbem qualquer ato que “abale a fé de um muçulmano”, ou seja, qualquer coisa usada como “meio de sedução com a intenção de converter um muçulmano a outra religião”. Uma lei de 2006 que reprime a adoração permanece em vigor, apesar de uma nova Constituição ter sido implementada em novembro de 2020.
Durante o último ano, diversos cristãos foram condenados e presos sob acusações de blasfêmia e proselitismo. Autoridades da Argélia se envolveram em uma campanha sistemática contra as igrejas da Igreja Protestante da Argélia (EPA). A associação de igrejas protestantes da Argélia viu 13 igrejas serem fechadas à força pelas autoridades, só em 2021. Outras receberam ordens para cessar todas as atividades.
A maioria dos cristãos na Argélia são ex-muçulmanos e, como na maioria dos países no Norte da África, eles enfrentam forte oposição de família e da comunidade. Isso pode envolver assédio, espancamentos, ameaças e prisão, bem como pressão para aderir aos costumes islâmicos. A pressão e o perigo enfrentados por cristãos é alta principalmente nas regiões mais conservadoras, rurais e árabes do país. Nos anos 1990, essas áreas atuaram como reduto para insurgentes islâmicos na luta contra o governo.
As mulheres cristãs na Argélia e no restante da região (Norte da África) são duplamente vulneráveis: por serem mulheres e por se tornarem cristãs. Quando uma mulher deixa o islã para seguir a Jesus nesta região, ela é retaliada de diversas formas pela família e pela comunidade. Para se manter firme no Senhor, ela precisa ter a vida restaurada de acordo com os padrões bíblicos e encontrar sua real identidade em Cristo. A cultura e religião vigentes no país são regidas pelos os princípios e valores das famílias e comunidades são muçulmanos. Por isso, quando uma menina ou mulher decide seguir a Jesus, ela enfrenta agressões físicas e sexuais, prisão domiciliar, exclusão social, casamento forçado e até morte.
As irmãs na fé perdem o respeito e a honra de parentes, autoridades e vizinhos. Tudo isso para forçá-las a retornarem para o islã. Se elas não descobrirem a nova identidade que têm em Cristo, muitas cedem e voltam para a antiga fé. Como é o caso de Sarah. Ela é filha de um líder religioso muçulmano (imã) e enfrentou fortes consequências ao se converter. Conheça seu testemunho neste vídeo.
A Portas Abertas ajudou Sarah em seu momento mais difícil e vem apoiando outras cristãs do Norte da África em suas necessidades básicas, emocionais e espirituais. Para saber mais sobre este projeto, acesse o link para a campanha Restauração de Mulheres e saiba como você também pode apoiar mulheres como Sarah