Há 17 anos, após uma delicada cirurgia no pâncreas, Arely Vázquez fez uma promessa à sua “flaquita”, carinhoso apelido para a Santa Muerte: uma festa anual de gratidão. Residente em Nova York, a mexicana partilha como essa devoção a auxiliou em momentos difíceis diante do colorido altar na sala de sua casa, no Queens.
Vázquez emergiu como a principal “madrinha”, uma espécie de sacerdotisa, do culto à Santa Muerte nos Estados Unidos, trazido pela comunidade mexicana.
O esqueleto, caracterizado por uma foice representando o trabalho, bem como um globo e uma rosa, é tido por seguidores como detentor de poderes especiais. O culto se manifesta através de orações, oferendas e uma fé inabalável.
No último final de semana, devotos de todo o país uniram-se em atividades que evocaram os “milagres” que foram atribuídos à santa. Muitos ostentavam tatuagens de sua imagem, enquanto outros usavam anéis e pingentes. Não existem regras rígidas nesse “novo movimento religioso”, como descreve Andrew Chesnut, especialista em estudos religiosos da Universidade da Commonwealth da Virgínia.
Para a AFP, Chesnut, autor de “Devoted to Death: Santa Muerte, the Skeleton Saint”, estima que há cerca de 12 milhões de praticantes deste culto, principalmente no México, mas também nos Estados Unidos e na América Central.
Enquanto no México essa devoção não é surpreendente, dada sua tradição ligada à religião católica e às crenças indígenas, até recentemente ela se mantinha em absoluto sigilo.
Apesar de rotulados de “satânicos” pela Igreja Católica mexicana, os adeptos tratam a santa popular com a mesma reverência que dirigem aos santos católicos, argumenta Chesnut.
No México, na América Central e nos Estados Unidos, onde as desigualdades econômicas são profundas, a atração da “foice niveladora” da Santa Muerte é poderosa.
Exibir Gospel / Leiliane Lopes