O país mantém diversos cristãos presos arbitrariamente, acusados por conspiração contra a nação por manterem igrejas domésticas
Lida Alexani, esposa do pastor armênio-iraniano Joseph Shahbazian, de 56 anos, foi liberta da prisão de Evin, em Teerã, após um mês de detenção. Ela foi solta mediante uma fiança alta, de 50 mil dólares, um dia depois de completar um mês de sua prisão em casa, no Irã.
Durante a detenção, Lida não foi oficialmente informada de nenhuma acusação, o que constitui uma clara violação da lei iraniana, que exige que os detidos sejam acusados formalmente dentro de 48 horas. Acredita-se que ela possa enfrentar acusações relacionadas a sua participação em atividades de igrejas domésticas.
Segundo a organização Article 18, sua prisão parece ter feito parte de uma estratégia mais ampla para pressionar seu marido, o pastor Joseph, que continua preso após ter sido detido novamente há mais de três meses. A acusação contra o líder cristão foi o ministério e discipulado de cristãos de origem muçulmana, o que é visto como ameaça e traição à tradição islâmica do Estado.
Antes de sua detenção, Lida havia sido repetidamente interrogada por agentes da inteligência iraniana, em uma tentativa de forçá-la a confessar ou fornecer provas contra seu marido e outros cristãos. Ao se recusar, as autoridades intensificaram a pressão, colocando-a em confinamento solitário prolongado.
A fiança excepcionalmente alta imposta a Lida gerou um peso financeiro adicional para a família, especialmente porque a fiança de Joseph ainda não foi paga.
Sua libertação, embora seja um alívio, destaca o contínuo assédio e pressão que as famílias cristãs enfrentam no Irã, o 9º país da Lista Mundial da Perseguição 2025, entre os 5 países onde os seguidores de Jesus são mais perseguidos.
Tortura e ameaça de morte
Outro cristão preso, o armênio Hakob Gochumiyan, relatou maus-tratos severos, violência psicológica e ameaças à sua vida. Ele cumpre uma sentença de 10 anos por acusações injustas relacionadas à sua fé no Irã.
Hakob e a esposa, Elisa, foram presos em agosto de 2023 durante uma viagem em família ao Irã. Eles foram detidos após uma batida de agentes da Inteligência à paisana durante um jantar na casa de um amigo. Ambos foram levados para a mesma prisão de Evin, em Teerã, e colocados em confinamento solitário sem explicação. Seus filhos, que também estavam no Irã, foram posteriormente levados de volta à Armênia com um parente.
Família separada
Enquanto Elisa foi liberta sob fiança dois meses depois e se reuniu com os filhos, Hakob permaneceu preso. Em outubro de 2024, ele foi condenado a dez anos de prisão e multado por “atividade proselitista desviante” e por liderar uma rede cristã evangélica, acusações que ele nega veementemente.
Em uma carta da prisão, Hakob contou que lhe foi negado o direito a um advogado, a um tradutor e ao acesso à embaixada durante a investigação, e que os interrogadores ameaçaram matá-lo como fizeram com Haik Hovsepian em 1994. Eles descreveram esse assassinato em detalhes gráficos e sem remorso, usando-o para apavorar os presos.
Hakob escreveu que as acusações contra ele foram completamente fabricadas e baseadas até mesmo em testemunhos falsos. Entre as acusações estavam alegações graves e infundadas como “liderar cruzadas para destruir a República Islâmica” e “incutir em crianças balúchis o sonho de ter pão, água, brinquedos e educação”.
Seus dois pedidos de novo julgamento foram rejeitados pela Suprema Corte do Irã, apesar das inúmeras violações legais em seu caso, incluindo a falta de devido processo, provas forjadas e negação de direitos fundamentais. A realidade do cristão é a mesma de muitos perseguidos por causa da fé em Jesus no Irã.
Apoie cristãos presos
Com frequência, cristãos são condenados a sentenças arbitrárias como aconteceu com Lida. Eles precisam de apoio para lutar na justiça por sua liberdade religiosa e direitos básicos, como alimentação e medicação na prisão. Doe e permita que cristãos presos recebam o socorro de que precisam.