A organização cristã United Christian Forum (UCF) pediu, em 20 de dezembro, que o governo do primeiro-ministro Narendra Modi realize uma investigação nacional sobre o aumento da violência contra cristãos na Índia. O apelo foi feito através de um comunicado de imprensa e solicita que um oficial de alto nível seja designado para liderar a investigação.
Segundo A.C. Michael, coordenador nacional do UCF e ex-integrante da Comissão de Minorias de Delhi, os ataques contra cristãos cresceram significativamente desde que o Partido Bharatiya Janata (BJP), liderado por Modi, assumiu o poder em 2014. Os dados do UCF apontam que as ocorrências subiram de 127 em 2014 para 745 até novembro de 2024.
Os números foram coletados por meio de uma linha direta criada em 2015 para registrar incidentes de perseguição. No entanto, o UCF destacou que esses dados não incluem todos os casos. “Muitos outros incidentes podem ter ocorrido que não foram relatados através de nossa linha direta e, portanto, não estão incluídos no total”, informou a organização.
O UCF também revelou que os dados de violência no estado de Manipur, no nordeste da Índia, não foram contabilizados. “No ano passado, a violência trágica, o derramamento de sangue e a demolição de mais de 200 igrejas em Manipur também não foram refletidos nos números do UCF”, informou o comunicado.
Desde maio de 2023, Manipur enfrenta conflitos sectários entre os grupos tribais Kuki e Meitei, que têm afetado igrejas e cristãos da região. Em paralelo, uma petição apresentada pelo UCF à Suprema Corte da Índia em 2022, que pede medidas contra grupos vigilantes anti-cristãos, permanece sem avanço significativo.
Michael também apelou para que o primeiro-ministro crie uma comissão nacional para investigar os ataques e proteger as minorias cristãs. A escalada de violência tem sido criticada por grupos de direitos humanos e religiosos, que acusam o governo de negligenciar a segurança das comunidades minoritárias. O BJP nega envolvimento nos ataques e reafirma seu compromisso com a liberdade religiosa.
O pedido do UCF reflete as crescentes tensões entre as minorias religiosas e o governo na Índia. Atualmente, o país ocupa o 11º lugar na lista mundial de vigilância da organização Open Doors, que monitora os lugares mais difíceis para ser cristão.
Redação Exibir
