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14/12/2024

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Biblicamente falando

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Cristãos também cometem suicídio, mas acreditam que não a salvação

DA REDAÇÃO CRIS BELONI

Alguns líderes evangélicos destacam que tirar a própria vida é
um fruto do pecado. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”,
Romanos 6:23. Dentro de uma perspectiva cristã, surgem algumas
perguntas difíceis: Pode um crente cometer suicídio? “O que acontece
se um verdadeiro crente tira sua própria vida?” “Um crente que
comete suicídio vai para a presença de Cristo?” Essas perguntas têm
atormentado os cristãos por muitos anos, e, como seria de se esperar,
as respostas que têm sido apontadas variam em alguns aspectos.
Alguns têm usado o versículo, “ora, vós sabeis que todo assassino
não tem a vida eterna permanente em si”, 1 João 3:15, para
argumentar que desde que o suicídio é um assassinato de si mesmo,
a pessoa que comete o ato não poderia ser salva. Outros admitiriam
que um verdadeiro cristão poderia cometer suicídio, mas
creem que tal coisa seria extremamente rara. Eles iriam trazer uma
série de dúvidas sobre a salvação de alguém que cometeu suicídio.
No entanto, alguns vão para o outro extremo, dizendo que desde
que não há nenhuma proibição específica de suicídio na Bíblia, isso
é, portanto, uma decisão pessoal. No entanto, necessariamente, não
é um pecado, já que depende de várias circunstâncias.
O suicídio tem acontecido ao longo de toda a história, mas, o triste
fato é que as taxas de suicídio em todo o mundo têm aumentado
cerca de 60% durante os últimos 40 ou 50 anos. Existem provavelmente
mais suicídios do que as estatísticas revelam, porque é muito
difícil determinar se a morte foi acidental, auto infligida, ou um assassinato. Além disso, para cada suicídio real, existem provavelmente
pelo menos vinte tentativas que falharam. A maioria dos suicídios
nos países ocidentais (pelo menos 90%) está relacionada à
depressão e/ou ao abuso de substâncias tóxicas, porém, o recente
aumento entre os jovens, muitas vezes parece estar ligado à vergonha
pública e à intimidação, especialmente através das mídias sociais
como o Facebook e a Internet. Suicídio é agora a segunda causa
mais comum de morte entre as pessoas mais jovens nos países
ocidentais. Outros fatores, especialmente em homens de meia idade,
incluem o desemprego e problemas financeiros.
Alguns casos registrados na Bíblia eram claramente homens
que trilhavam um caminho errado e suicidaram-se em más circunstâncias.
Incluídos nesse grupo estão aqueles como Abimeleque (Jz
9:54), o rei Saul (1 Sm. 31:4), Aitofel (2 Sm. 17:23), Zimri, rei de Israel
(1 Rs 16:18) e Judas Iscariotes (Mt. 27:5). Não sabemos mais
nada sobre o escudeiro de Saul (1 Sm. 31:5), exceto que quando
ele viu que Saul estava morto, ele também se matou. O último homem,
Sansão (Jz. 16:30), é bastante singular, pois enquanto ele de
fato causou sua própria morte, seu verdadeiro objetivo era matar
os filisteus, não a si mesmo. Ele morreu como resultado de sua
atitude de quebrar os pilares do Templo de Dagon, assim causando
um colapso na construção, matando milhares de filisteus, além
dele mesmo. Embora ele sem dúvida fosse uma alma verdadeiramente
nascida de novo, a situação em que se encontrava também
foi o resultado de ter trilhado um caminho errado.

Suicídio é agora a segunda causa mais comum de morte entre as pessoas mais jovens nos países ocidentais.

No Velho e Novo Testamentos, é difícil entender como pode haver
dúvidas a respeito da condenação que a Bíblia traz em relação
ao suicídio. Em parte alguma ele é mencionado como sendo algo
correto; e em nenhuma parte ele é conectado a uma pessoa que
andou com Deus de uma forma consistente. O homem foi criado
“à Sua imagem” (Gn. 01:27) e tirar uma vida, até mesmo de si próprio,
é uma grave afronta ao nosso Criador. O salmista poderia dizer,
“Os meus tempos estão nas tuas mãos” (Sl. 31:15), e somente o
Senhor tem direito de decidir quando deve acabar nossa vida (sejamos
claros, no entanto, que não estamos de nenhuma forma, nos
referindo à responsabilidade dos governos de executar a um assassino.
Essa função foi dada por Deus depois do dilúvio – Gn. 9:6 – e
nunca foi anulada.). E o que acontece, então, a um crente que comete
suicídio? E é triste dizer que isso já aconteceu muitas vezes.
Às vezes é devido a um caminho errado, um estilo de vida longe do
Senhor que levou, talvez, ao abuso de substâncias tóxicas, a ruína
financeira e, quem sabe até mesmo o afastamento da família. Em
outros casos, é o resultado de grave depressão, conectada a uma
doença mental, onde uma pessoa pode ser mergulhada na escuridão
do desespero. E ainda em outros casos, matar a si mesmo pode
ser uma decisão tomada a fim de evitar uma potencial vergonha
e desonra. Por exemplo, na época da reforma, uma mulher e suas
duas filhas deliberadamente afogaram-se ao invés de caírem nas
mãos dos seus perseguidores, que desejavam não apenas torturá-
-las, mas também desonrá-las de forma moral.
É difícil ser crítico àqueles que sucumbem à grave depressão, se
não teve que suportar tal agonia; é necessário considerar o contexto
do momento e do local ondem vivem, principalmente se há liberdade
religiosa ou perseguição a cristãos. O bem conhecido escritor de
hinos W M. Cowper tinha esse problema, e ele fez pelo menos três
tentativas de suicídio durante a sua vida. Mas o Senhor não permitiu
que ele tivesse sucesso. Todas as suas tentativas falharam, e ele
morreu de morte natural. No entanto, sabemos que Deus dá graça
para qualquer circunstância que Ele permita que aconteça em
nossas vidas, e nos capacitará para glorificá-Lo nessas circunstâncias.
Ele pôde dizer a Paulo: “A minha graça te basta” (2 Cr. 12:9), e
certamente isso é tão verdade para nós hoje quanto era para Paulo.
As Escrituras nos dizem a respeito das ovelhas de Cristo: “e dou-
-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará
das minhas mãos” (Jo. 10:28). Dessa forma é possível crer que a vida
eterna não se perde! Apesar da seriedade de alguém tirar sua própria
vida, não há pecado algum que possa tirar a vida eterna que
Deus dá a um cristão. Ele é também “selado com o Espírito Santo da
promessa” (Ef. 01:13), e nada pode quebrar o selo. A Bíblia deixa claro
que nunca será certo perante Deus o ato do suicídio, especialmente
para um cristão. No entanto, os cristãos estão propensos a
cometerem suicídio e às vezes o fazem, e também é verdade que
nenhum verdadeiro crente pode perder a sua salvação. Aquele que
se suicida, na verdade, vai para a presença de Cristo.
O suicídio resulta de fatores exteriores à própria pessoa, como por exemplo, a ruína financeira, abuso de substâncias tóxicas, a vergonha
pública e a desgraça, bem como por outras influências sobre
as quais normalmente teríamos algum controle. Se nos encontrarmos,
como crentes, em um percurso descendente, que o Senhor
nos dê graça para que possamos nos arrepender e voltar para Ele,
antes que as circunstâncias nos façam cair em desespero e pensamentos
suicidas. Se nos encontramos diante de problemas financeiros,
olhemos para o Senhor, que Se comprometeu a suprir todas
as nossas necessidades. Para aqueles que podem vir a ser arrastados
para dentro de um doloroso caminho dentro das redes sociais,
peçamos ao Senhor que através de Sua graça atue para que possamos
sair desse cenário, antes de adquirirmos sérios problemas.
Melhor ainda, não nos permita começar algo com pessoas mundanas
que só podem acabar em problemas. No que se refere a circunstâncias
exteriores, sobre as quais não temos controle, ou crises
de depressão que são o resultado de uma verdadeira doença mental,
está além do escopo deste artigo tentar entrar em todas suas
ramificações. Mas vamos lembrar que o Senhor é por nós, no que
quer que seja que Ele permita que aconteça conosco. Além disso,
Ele nos deu nossos irmãos, que também podem ser um verdadeiro
apoio para nós, bem como a ajuda médica, de que podemos e devemos
dispor. Paulo pôde dizer, “Porque eu estou bem certo de que nem
a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas
do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade,
nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”, Romanos 8: 38-39.
Nós somos os “guardiões do nosso irmão” e sempre devemos ser sensíveis
à dor emocional na vida dos outros. “Levai as cargas uns dos
outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”, Gálatas 6:2. Cuidado pastoral
talvez exista mais uma palavra que possa ser dirigida para nós
que não somos torturados pela depressão ou envolvidos com outros
fatores que nos poria em predisposição ao suicídio. O cuidado
pastoral é de grande importância, e precisamos estar cientes a respeito
daqueles que podem estar se torturando gravemente e talvez
tendo pensamentos sérios a respeito de tirar sua própria vida.
Alcançá-los de uma forma amorosa, estar dispostos a escutá-los,
fazer com que saibam que alguém se preocupa com eles, pode ser
uma boa maneira de impedir esse ato tão prejudicial a si mesmos.