Novos artigos de lei aprovados às pressas facilitam a pena de morte no país
Cristãos enfrentam novos níveis de repressão no Irã
Novos artigos de lei aprovados às pressas facilitam a pena de morte no país
Após o recente cessar-fogo entre Israel e Irã, uma realidade preocupante, mas que raramente ganha destaque na mídia internacional se desenrola dentro das fronteiras persas. Após os 12 dias de ataques aéreos de Israel (13 a 24 de junho), as autoridades voltaram-se da confrontação externa para uma repressão interna.
Foram mais de 700 prisões em doze dias, dez execuções-relâmpago por “espionagem” e bloqueios nas ruas que começaram em cidades curdas e se espalharam por todo o país. Esses casos seguem um padrão conhecido: os detidos são privados de direitos legais básicos, sem julgamento justo, sem acesso a advogados independentes e, muitas vezes, condenados com base apenas em confissões obtidas sob tortura.
Especialistas jurídicos alertam que o projeto acelera os julgamentos sumários já em andamento nos Tribunais Revolucionários por meio de nove artigos aprovados às pressas por parlamentares em 29 de junho. Defensores dos direitos humanos alertam que, em tempos de crise nacional, as autoridades iranianas costumam usar execuções e prisões em massa como instrumentos para controlar a população e esmagar qualquer sinal de oposição.
Prisões arbitrárias
Dentro das prisões iranianas, o desespero cresce. Após um ataque com mísseis que atingiu a prisão de Evin durante a ofensiva israelense, relatos internos descrevem condições horríveis. Prisioneiros políticos foram transferidos repentinamente para prisões maiores e mais severas, como a notória Penitenciária da Grande Teerã.
Famílias relatam condições terríveis: celas infestadas de pragas, água contaminada, ventilação precária e corte total de comunicação externa. Em 26 de junho, até mesmo as breves ligações monitoradas normalmente permitidas foram suspensas. Entre os presos estão pessoas cujos “crimes” incluem ativismo pacífico e líderes cristãos considerados como “ameaças à segurança nacional”. Um homem, por exemplo, foi condenado a quase seis anos de prisão por simplesmente comentar com um único sinal de pontuação em uma publicação de um líder do governo.
Para cristãos iranianos e outras minorias, esse ambiente já hostil torna-se ainda mais perigoso. “Conhecemos o Senhor mais intimamente em tempos de dor e provação. No fim, o amor é a voz mais alta e o testemunho mais poderoso. Orem para que, neste tempo, quando tantos iranianos estão cansados da religião, da política e de promessas vazias, o Senhor se revele como a verdadeira fonte de amor, esperança e salvação”, afirma um cristão iraniano.
No mesmo período, em outro país entre os 10 primeiros colocados na Lista Mundial da Perseguição 2025, um grupo de cristãos foi preso e levado para interrogatório por suspeita de serem cristãos. Eles estão sob grande risco de tortura e pedem orações. Parceiros locais da Portas Abertas estão apoiando as famílias enquanto eles estão detidos.
Diante dos recentes ataques e conflitos envolvendo os países da Lista Mundial da Perseguição 2025, pesquisa realizada anualmente pela Portas Abertas e que classifica os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos, secretário geral da Organização, Marco Cruz declara: “A Portas Abertas não é contra nenhuma nacionalidade, governo ou religião. Somos pró-Jesus Cristo, a favor da paz e defendemos a Igreja Perseguida em todos os lugares”.
Você pode ajudar
Nos primeiros 13 países da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2025, a perseguição aos cristãos é considerada extrema, ou seja, atinge o nível mais elevado. Essa é a conclusão a partir dos índices de violência e pressão contra os seguidores de Jesus em cada um deles.
A violência é medida por meio de incidentes, como mortes, prisões e sequestros. Já a pressão se manifesta na vida privada, família, comunidade, nação e igreja. Nessas nações, é desafiador manter a fé diante de tamanha pressão e violência. Mas, com apoio, os cristãos que vivem nos 13 países onde há mais perseguição conseguem enfrentar a oposição e encontram motivação para compartilhar o amor de Jesus com outros.
Acesse Rota da Perseguição, conheça mais e ajude ao cristão perseguido.
A perseguição a cristãos no Irã
O Irã é o 9º país na Lista Mundial da Perseguição 2025, estando entre os 13 países em que os cristãos enfrentam níveis de perseguição extrema.
No Irã, a comunidade cristã é dividida entre os cristãos constitucionalmente reconhecidos e os que o governo não reconhece como seguidores de Jesus. Comunidades cristãs históricas reconhecidas, como os cristãos armênios e assírios, são protegidas pelo Estado; ainda assim, na prática, são tratados como cidadãos de segunda classe. Eles enfrentam muitos dispositivos legais discriminatórios e não têm permissão para fazer cultos em farsi, a língua local, ou interagir com cristãos de origem muçulmana.
A conversão do islamismo para o cristianismo é ilegal no Irã, e qualquer convertido descoberto pode ser detido ou preso. Além disso, deixar o islã pode resultar em perder a herança da família, casamento forçado com um muçulmano, divórcio ou perda da guarda dos filhos. O governo vê esse os cristãos de origem muçulmana como uma ameaça, acreditando que eles são influenciados por países ocidentais para enfraquecer o islamismo e o regime nacional. Eles não podem registrar a conversão ao cristianismo em seus documentos e por isso enfrentam severas violações da liberdade religiosa. Eles são obrigados a se reunir ilegalmente em igrejas domésticas e, se descobertos, são presos.
Portas Abertas