Londres – O Departamento de Estado dos EUA intensificou sua caçada ao empresário da Rússia dono de uma empresa que se tornou conhecida como “fábrica de trolls”, responsável por produzir fake news favoráveis ao regime de Vladimir Putin e interferir na vida política de outros países.
Nesta quinta-feira (28) o DEA anunciou uma recompensa de até US$ 10 milhões (R$ 51 milhões) por informações que ajudem a localizar Yevgeny Prigozhin, aliado do presidente Vladmir Putin, e 12 outros funcionários da empresa Research Agency LLC (Agência de Pesquisa, em tradução livre).
A disseminação de fake news era uma prática comum na Rússia antes da guerra, mas se tornou ainda mais intensa, com instrumentos tecnológicos como vídeos deepfake e o astroturfing.
No entanto, a tentativa dos EUA de capturar o dono da “fábrica de trolls” não está diretamente relacionada ao conflito com a Ucrânia, e nem começou agora.
Desde 2018 o país tenta alcançar Yevgeniy Prigozhin e os que fazem parte de seu grupo. Ele foi listado como procurado, e o FBI oferecia US$ 250 mil a quem desse notícias sobre seu paradeiro.
Segundo reportagem conjunta dos sites investigativos Bellingcat, The Insider e da revista alemã Der Spiegel, as operações de Prigozhin “são fortemente integradas ao Ministério da Defesa da Rússia e ao seu braço de inteligência”.
O empresário de São Petersburgo já foi chamado de “chef de Putin” porque seus restaurantes e empresas de catering organizaram jantares oferecidos pelo presidente da Rússia a dignitários estrangeiros.
O DEA afirma que a empresa comandada pelo empresário “conscientemente e deliberadamente conspirou para prejudicar os Estados Unidos, interrompendo, obstruindo e destruindo as funções legítimas do Estado por meio de fraude e engano para interferir nos processos políticos e eleitorais dos EUA, incluindo a eleição presidencial de 2016”.
Segundo o site da agência americana, o empresário da Rússia responsável pela fábrica de trolls teria comandado operações como a compra de espaço em servidores americanos, a criação de centenas de personas online fictícias e o uso de identidades roubadas de pessoas dos Estados Unidos.
O DEA afirma que Prighozin financia o trabalho da fábrica de trolls a partir de duas empresas na Rússia, a Concord Management and Consulting e a Concord Catering.
“Essas ações foram supostamente realizadas para atingir um número significativo de americanos com o objetivo de interferir no sistema político dos Estados Unidos, incluindo as eleições presidenciais de 2016”, diz o departamento.
Agora, por meio do programa “Recompensas por Justiça”, o DEA subiu o prêmio para US$ 10 milhões, e exibe as fotos dos demais integrantes do grupo do empresário que também estão na mira.
O órgão convida qualquer pessoa disposta a compartilhar informações sobre Prigozhin a entrar em contato pelos sistemas de mensagem Signal, Telegram, WhatsApp ou na dark web, usando o navegador Tor.
O Tor é um sistema de navegação seguro, usado para contornar a censura. No entanto, ele está bloqueado em território russo.
Na semana passada, a proibição chegou a cair, mas se tornou efetiva novamente por decisão judicial. Quem vive em território russo só consegue acesso livre à internet por meio de VPN, cujo uso cresceu desde que a guerra começou.
As desinformação e as fake news criadas e disseminadas por cidadãos russos ou pessoas ligadas à Rússia são objeto de preocupação do governo americano, que oferece outras recompensas milionárias para informações sobre cidadãos russos ou associados ao país por meio do mesmo programa.
Ente os caçados estão gangues de ransomware em russo e um cidadão do país acusado de construir um código de computador malicioso que levou ao fechamento de uma fábrica petroquímica na Arábia Saudita em 2017.
Fonte :https://mediatalks.uol.com.br