Na última sexta-feira (6), o cardeal Felipe Arizmendi Esquivel, bispo emérito de San Cristóbal de las Casas, no estado de Chiapas, México, anunciou a conclusão da tradução completa da Bíblia para o tzotzil, falado na região de San Juan Chamula. O trabalho faz parte de uma série de iniciativas da Igreja Católica para levar o texto bíblico às comunidades indígenas do país.
O México, que possui 69 línguas nacionais – sendo 68 indígenas e o castelhano –, é o segundo país na América Latina com o maior número de línguas nativas, atrás apenas do Brasil. Desde 2003, diversas traduções da Bíblia têm sido feitas para diferentes dialetos indígenas. A primeira tradução completa foi para o tzeltal, e em 2015 houve outra para o tzotzil falado na área de Zinacantán e uma versão do Novo Testamento para o tzotzil de Huixtán, ambas também em Chiapas. A mais recente tradução é destinada à comunidade de San Juan Chamula.
Além dessas versões, existe uma tradução ecumênica dos livros deuterocanônicos para o ch’ol, realizada em parceria com as Sociedades Bíblicas. Estes livros, como Tobias, Judite e Macabeus, não são aceitos em várias tradições protestantes e no judaísmo rabínico, mas fazem parte do cânone católico.
O cardeal também destacou que há várias traduções parciais da Bíblia feitas por padres em comunidades locais, mas muitas delas ainda não foram oficialmente aprovadas pela Conferência Episcopal Mexicana. No caso do nahuatl, por exemplo, a língua indígena mais falada no país, com cerca de dois milhões de falantes, há várias traduções protestantes, mas nenhuma versão católica aprovada.
A tradução de textos bíblicos para línguas indígenas enfrenta desafios específicos, especialmente em relação à adaptação cultural. Expressões como “o Verbo se fez carne” e termos como “batismo”, “eucaristia” e “salvação” precisam ser cuidadosamente adaptados para respeitar as particularidades culturais, explicou o cardeal.
Apesar das dificuldades, as traduções foram bem recebidas pelas comunidades indígenas, que se sentem valorizadas pela Igreja e reconhecem a importância de sua cultura. Setembro, mês dedicado à Bíblia pela Igreja Católica, reforça essa conexão entre a fé e as culturas indígenas no México.
Redação Exibir Gospel