É maio, o mês das mães. Então, vamos falar sobre elas, mas especialmente das mães solos, que por muito tempo foram equivocadamente chamadas de “mães solteiras”. Temos no Brasil cerca de 11,6 mulheres que criam seus filhos sem a figura paterna, segundo estimativas do IBGE.
Na capital paulista 7 em cada 10 mães cuidam sozinhas ou quase sozinhas dos filhos, o que representa 69% de todas as mães paulistanas, de acordo com uma pesquisa da Rede Nossa São Paulo.
Estamos falando de uma multidão de mulheres que travam uma verdadeira luta diária para viver e tentar criar seus filhos com dignidade. Há quem diga que elas são supermães, supermulheres. Mas não, não são! Esta heroína não existe. Elas são mães e mulheres inconformadas e que têm coragem de arregaçar as mangas, por a “cara à tapa” e lutar por seus ideais.
Isto não é ser super. É ser cidadã, é ser consciente, é ser participativa e interessada nas transformações de seu País e no legado de um Brasil melhor para seus filhos.
Muito mais do que homenagens no segundo domingo do mês de maio, estas mães precisam é de políticas públicas que lhes garantam a equiparação salarial, programa habitacional acessível, creches em período integral, bairros mais seguros, equipamentos de saúde mais próximos, assistência emocional.
Não estamos falando de privilégios, mas de direitos, de justiça para estas mulheres que estão criando as próximas gerações de cidadãos brasileiros. Nesta pandemia despontaram algumas ações do poder público a favor delas. É um começo, mas há muitas demandas pendentes.
Ao longo destes anos como psicóloga, pastora e voluntária de projetos sociais, pude estender a mão para muitas mães solos, conheci de perto a realidade delas. Na vida política, como deputada, vereadora, secretária de Direitos Humanos e Cidadania da capital, tenho tido a oportunidade de trabalhar para que o poder público tenha um novo olhar sobre elas, que enxergue suas reais necessidades.
Eu também sou mãe, sei das dores e das delícias da maternidade. Minhas filhas Giovanna e Giulianna me ensinaram a ser uma mulher mais forte para lutar pelos direitos e também pela felicidade delas. Foi assim com minha mãe, Maria Candida. É assim com muitas de nós.
Mas mãe não é tudo igual. Há mães que precisam de uma rede apoio para garantir o básico aos seus filhos, e temos de alcançá-las. É, sobretudo, um dever cristão, uma missão, como nos ensina a Bíblia: “Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” (Isaías 1:17). Traduzindo para os dias de hoje, órfãos de pais vivos. Não é justo!
Desejo a todas as mães uma vida mais justa, para vocês e seus filhos!
Patricia Bezerra
Deputada estadual, vereadora por dois mandatos em São Paulo, ex-secretária de Direitos Humanos e Cidadania da capital. Psicóloga, pastora, filha da Maria Candida e mãe da Giovana e da Giuliana.