“…No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”
João 16.33
Muitas vezes lemos em nossas Bíblias que devemos ter bom ânimo. Em momentos de aflições sempre aparece um irmão nos aconselhando a ter bom ânimo, e, na atual conjuntura, onde o ativismo e o curso desse mundo parece conspirar contra a fé dizendo insistentemente que tudo vai mal, é momento propício para entendermos a relação que existe entre um ânimo saudável e a fé.
A questão do ânimo é tão importante que a Concordância Bíblica Exaustiva apresenta 45 textos bíblicos com o substantivo em apreço e 17 outros versículos com variações do verbo animar. Logicamente existe a questão semântica da palavra dentro da frase, mas, vamos discorrer acerca do sentido primário da palavra.
Sabemos que a palavra ânimo deriva-se do latim “animus”, que entre outras coisas significa disposição de alma ou de espírito, sentimento, alento, coragem, etc. O desânimo seria então a ausência de coragem ou disposição. No Novo Testamento Grego existem algumas palavras que traduzidas dão a idéia de ânimo (Exemplo: euthymeô e tharseô), em sua maioria dão ênfase em que a disposição de espírito deve ser boa, isto é, ainda que em momentos de crise ou problemas que diante de olhos humanos não apresentem perspectiva de solução (aliás, os seres humanos, inclusive os crentes passam, vez por outra, por crises, inclusive crises existenciais, uma vez que não somos pequenos deuses como alguns querem ensinar, somos falíveis e dependentes da graça de Deus – “Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.” Salmo 103.14), a disposição da alma deveria refletir nossa condição de fé.
De que forma então a fé pode inspirar a disposição da alma?
Entendendo que o cristão é uma pessoa que nasceu de novo (2 Co 5.17; Jo 3.3-7); e que a partir desse momento sublime em que sua salvação é efetivada, tanto o corpo como a mente passam a ser dirigidos pelo Espírito, formando assim o caráter de Cristo em um trabalho progressivo e contínuo, também chamado de salvação do presente ou santificação (Rm 12.1,2; Gl 5.16-26), a partir daí, o cristão torna-se um homem espiritual (1 Co 2.14,15 – ainda que Paulo admita a possibilidade de um cristão ter um comportamento carnal – 1 Co 3.1), sendo um homem espiritual suas ações e reações devem condizer com a fé que abraçou.
O texto de Hebreus 11.1 mostra-nos que a fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem. Que ensino maravilhoso! Este ensino suscita esperança e bom ânimo. Moisés nos deu exemplo desse ânimo pronto e corajoso, vejamos:
“Pela fé, ele abandonou o Egito, não ficando amedrontado com a cólera do rei; antes, permaneceu firme como quem vê aquele que é invisível.” Hebreus 11.27
Ainda que nosso coração ou sentimento nos engane (Jr 17.9), apesar das muitas adversidades que passamos, Deus é fiel, Ele está conosco, não nos abandonará (Mt 28.20; Hb 13.5c), se passarmos pelo vale de sombra e morte, o Senhor estará nos protegerá (Sl 23), não permitirá que passemos algo que não possamos suportar (1 Co 10.13), saibamos que: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;” 2 Coríntios 4.8,9. Portanto amados irmãos, tende bom ânimo nas tribulações, pois, o ânimo sustentado pela fé produz perseverança, experiência e esperança (Rm 5.3,4), sabendo que a fé nos leva à presença de Deus que é o abençoador e galardoador dos que O buscam (Hb.11.6). Portanto creia em Deus e anime-se no Senhor!
Pastor Roberto Cruvinel é pastor presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério Pleroma – Diadema – São Paulo. É Bacharel e mestre em Teologia, Diretor Presidente da Escola Teológica Pastor Virgílio dos Santos Rodrigues, Conferencista, com artigos publicados em diversos periódicos evangélicos.