O Brasil exportou 187 mil toneladas de carne bovina em setembro, maior volume já embarcado em um mês, mostraram dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) hoje (1), em meio a incertezas com lotes enviados à China apesar de uma suspensão temporária de compras pelo país asiático.
Principal destino da carne brasileira, a China suspendeu suas importações no dia 4 de setembro, como uma medida protocolar após a confirmação de dois casos atípicos da doença “mal da vaca louca”, um em Mato Grosso e outro em Minas Gerais. Ainda assim, lotes que estavam no porto prontos para embarque foram enviados após esta data, ajudando a impulsionar os dados do mês.
“O que a gente conseguiu apurar em relação à carne, o que havia sido certificado até o dia da notificação (da China) continuou o processo de exportação. Não houve interrupção, o que estava contratado, já estava no porto, continuou o fluxo”, disse o coordenador-geral de Estatísticas do Ministério da Economia, Saulo Castro.
O subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, também comentou que um dos fatores que pode explicar a disparada nas exportações de carne é a existência de estoques no porto, que foram enviados em setembro, e um pequeno atraso de até oito dias na contabilização dos dados de embarque.
“Usamos o momento em que o transportador declara que embarcou a mercadoria… isso pode acontecer até oito dias em relação ao que foi realmente. Ele (exportador) tem oito dias pra declarar que a mercadoria foi colocada dentro do navio”, disse ele. Procuradas, as associações representantes da indústria, Abiec e Abrafrigo, não comentaram o assunto.
O detalhamento sobre os compradores do produto enviado em setembro só será disponibilizado pela Secex nos próximos dias, no entanto, o consultor em gerenciamento de risco na pecuária da StoneX, Caio Toledo, disse que atualmente não há outro grande player que possa substituir a China com aquisições de volumes tão expressivos.
“O que vemos no mercado é que a China, nos dois últimos meses, estava em um ritmo de compras extremamente forte… porque está passando por um processo de aumento de estoques pensando no fim de ano chinês”, disse ele, citando a influência do câmbio na competitividade do produto brasileiro, apesar de preços elevados.
Já o consultor de agronegócios do Itaú BBA, Cesar Castro Alves, alertou que há probabilidade de um “baque” nos dados ocorrer em outubro, como efeito da suspensão chinesa. Ele ainda afirmou que é remota a chance de que os volumes tenham sido enviados em elevados patamares a Hong Kong, para posterior envio à China, como uma triangulação. “Um pouco dessa contaminação entre canais ainda existe, mas não acredito que seja algo grande.”
Fonte: FORBES