Diante de um cenário complexo na região, cristãos também enfrentam pressão em todas as áreas da vida
Qual a primeira coisa que vem à sua mente ao pensar na África? Crianças sorridentes, pessoas dançando ao som de tambores, safári com animais selvagens? Ou Lembra das dificuldades enfrentadas pelo povo, como fome, miséria, doenças?
O continente africano é muito grande, com mais de 300 milhões de pessoas vivendo ali. Ele também é dividido em várias regiões. Uma delas, o Oeste Africano, é composto por 17 países. Apesar dos desafios enfrentados pela população local, não há perseguição aos cristãos em todos eles. Estes são os treze classificados na Lista Mundial da Perseguição e na Lista de Países em Observação 2022: Nigéria, Mali, República Centro-Africana, Burkina Faso, Níger, República Democrática do Congo, Camarões, Chade, Angola, Togo, Gâmbia, Guiné e Costa do Marfim.
Todos eles desfrutavam de relativa estabilidade política e costumavam ser ótimos destinos turísticos. Porém há cerca de 10 anos, houve uma deterioração na segurança da região e a liberdade religiosa está comprometida agora. O cenário da perseguição para cristãos na região é complexo. Diariamente eles enfrentam uma pressão que afeta todas as áreas da vida. Além disso resultar em marginalização e discriminação social, os cristãos também são assolados pela violência.
As agressões, em sua maioria, vêm de grupos radicais islâmicos que não atendem pelo mesmo nome, mas geralmente são motivados pela mesma ideologia. Esses radicais muitas vezes abusam disso visando conquistar pessoas para sua causa e alimentar a desunião. Além disso, desejam avançar a agenda expansionista islâmica. Tal violência resulta em cristãos mortos e feridos, ataques a casas e lojas de cristãos, sequestros, violência sexual, casamentos forçados, prisões sem julgamento e ataques a igrejas. Muitas vezes, isso resulta em aldeias cristãs inteiras fugindo em busca de um local para sobreviver.
Uma vida em Fuga
Fadi vivenciou 5 ataques do Boko Haram e fugiu 4 vezes para vilas diferentes / Crédito: Portas Abertas
Fadi Zara é uma cristã que vive em Camarões. Em 2013, ela vivenciou pela primeira vez um ataque do grupo islâmico Boko Haram. “Eles mataram muitas pessoas e queimaram a igreja”, diz a jovem. Essa foi a primeira vez que os radicais deslocaram Fadi, mas não a última. Ela fugiu para outra vila, mas novamente foi vítima do grupo – não apenas uma vez, mas quatro vezes.
No total, Fadi vivenciou cinco ataques do Boko Haram e fugiu quatro vezes para vilas diferentes. A cristã passou alguns anos em uma das vila, mas sua vida foi como e outros milhares que tentam sobreviver na região da fronteira. Durante o dia, trabalhava dentro e ao redor de casa e nas plantações. Mas, antes do pôr-do-sol, subia as montanhas próximas para passar a noite por medo de ataques do Boko Haram. Entretanto, viver dessa forma é insustentável. Por isso, após mais um ataque violento, Fadi e a família juntaram os poucos pertences e fugiram novamente, desta vez para a cidade de Koza.
Além das fugas, a violência do grupo deixou outra cicatriz no coração de Fadi: a irmã mais nova foi sequestrada em 2015. “O nome dela é Vusa e tinha apenas 14 anos quando foi sequestrada. Ela foi para uma plantação com os amigos, mas não voltou com eles. Alguns dizem que ela foi morta, outros dizem que eles não matariam uma jovem como ela, apenas a casariam. Minha mãe ficou muito inquieta ao deixarmos a vila. Ela testemunhou muitos vizinhos serem mortos e, então, sequestram minha irmã. Ao ouvir a notícia, ela não conseguiu lidar com isso. Depois de duas semanas, ela morreu”, explica.
Fadi escapou dos diversos ataques com vida, mas não saiu ilesa. “Quando quero dormir, não consigo. Muitas coisas vêm à minha mente. Eu perdi meu pai, o Boko Haram sequestrou minha irmã e minha mãe também morreu. Eu sou a única que restou”, lamenta a jovem.
Em 2021, a Portas Abertas entregou ajuda emergencial para 449 famílias cristãs, como Fadi, em Koza, no extremo Norte de Camarões. Recebê-la foi um dos poucos momentos felizes para Fadi nesses dias, afinal faz muito tempo desde que ela e outros deslocados receberam ajuda. “Quando não se está na sua própria vila, a vida pode ser muito difícil. Nós não temos onde plantar, então não temos o que comer. Estou surpresa por ter todas essas coisas em minha vida. Eu estou muito, muito feliz”. Fadi poderia pedir muitas coisas, mas ao invés disso, disse: “Eu preciso que Deus permaneça comigo em cada situação, para ter seu maravilhoso poder em minha vida e ver sua face até o fim dos dias”.
Você pode assistir o testemunho completo da cristã Fadi Zara neste link, no canal do Youtube da Portas Abertas.
Ajuda emergencial para o Oeste Africano
Os cristãos que vivem em países da região estão vulneráveis a diversos grupos radicais islâmicos. Muitos, como Fadi, são vítimas de ataques ou passam por situações traumáticas. Eles precisam de apoio para saber como lidar com isso. Clique nesta campanha e saiba como oferecer ajuda emergencial e cuidados pós-trauma para cristãos deslocados em Burkina Faso.
Portas Abertas