O cientista político da Universidade de Zurique e pesquisador associado do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) da USP, Victor Araújo, analisou o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil entre os anos de 1920 e 2019.
De acordo com ele, cerca de 17 novos templos abrem diariamente no país, uma informação que ele, enquanto estudioso, busca analisar de diferentes formas.
Os dados mostram que no início dos anos 1900, os missionários protestantes começaram a atuar no Norte e no extremo Sul do país. Mas até os anos 50, poucas igrejas foram abertas.
O crescimento passou a ser notado de forma substantiva nos anos 60, até que nos anos 90 houve um avanço e as igrejas começaram a se expandir. “A gente passou de cerca de 100 igrejas nos anos 60 para mais de 60 mil templos em 2015. Então a gente tem um crescimento vertiginoso nas últimas décadas”, explica o pesquisador.
Araújo se surpreende com os números e chega a dizer que há “poucos precedentes na história recente do mundo de um crescimento de uma transição religiosa tão acelerada como essa que a gente está vendo no Brasil”.
Para se ter uma ideia do tamanho da expansão, o pesquisador compara o boom do evangelicalismo no Brasil com a expansão na Europa que demorou cerca de 500 anos para realizar a transição religiosa de católicos para protestantes que o nosso país acompanhou nas últimas décadas.
O pesquisador entende que pelo menos três fatores contribuíram para isso: a urbanização do país que levou a migração para o Sudeste; o incentivo para a abertura de novos templos; e o investimento das igrejas com rádios e televisões.
“Essas coisas meio que se retroalimentam, a ordem aqui geralmente é: mais igrejas abertas, mais fiéis, mais coleta de dízimo e mais capitalização”, finaliza Araújo ao Jornal da USP.
Exibir Gospel / Leiliane Lopes