A França está se preparando para implementar uma proibição abrangente do uso da abaya, um manto tradicional usado por algumas mulheres muçulmanas, em suas escolas públicas. O Ministro da Educação, Gabriel Attal, anunciou que a medida entrará em vigor neste próximo ano letivo, que tem início em setembro. A ação é parte de um conjunto mais amplo de restrições de símbolos religiosos, projetadas para reforçar o caráter secular do Estado francês.
O país já havia proibido o uso de outros símbolos religiosos, como o hijab (véu islâmico), em escolas públicas em 2004. Agora, a proibição da abaya é vista como um passo adicional nessa direção, provocando discussões e opiniões divergentes.
A motivação por trás da proibição é enfatizar que as escolas são ambientes de aprendizado, nos quais a religião não deve ser ostensivamente demonstrada. Gabriel Attal explicou: “Escola não é lugar de proselitismo religioso. Quando você entra em uma sala de aula, você não deveria ser capaz de identificar a religião de um aluno só de olhar para ele.”
No último ano letivo, houve um aumento notável nos casos de violações do secularismo nas salas de aula, incluindo o uso de véus, mantos e túnicas. Essa tendência foi um dos principais motivos que levaram à proibição da abaya.
Documentos governamentais obtidos pelo jornal Le Monde revelaram que as violações do secularismo aumentaram 120%, de 2.167 casos para 4.710.
Para garantir o cumprimento da nova medida, o Ministério da Educação está se comprometendo a treinar profissionais. Até o final deste ano, 14 mil profissionais serão preparados, e até 2025, cerca de 300 mil funcionários serão treinados para lidar com a questão.
Reflexo na comunidade muçulmana
O Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM)
expressou sua opinião de que a abaya é mais uma indumentária cultural do que religiosa. No entanto, algumas vozes da comunidade muçulmana sentem que a proibição os estigmatiza e cria um sentimento de marginalização. Os muçulmanos representam uma parte significativa da população francesa, compreendendo 8,8% da população total, ou aproximadamente 5,7 milhões de pessoas.
Exibir Gospel / Leiliane Lopes