Asia Bibi. (Foto: Reprodução)
CANADÁ – Uma mulher paquistanesa que passou a maior parte de
uma década no corredor da morte após ser condenada por blasfêmia falou pela
primeira vez desde que recebeu asilo no Canadá. Asia Bibi chegou ao Canadá em
maio, meses depois que sua longa batalha legal foi finalmente encerrada por uma
decisão da Suprema Corte do Paquistão que a declarou inocente.
Agora, em suas primeiras observações desde que foi
libertada, Bibi procurou chamar a atenção para a situação de muitos outros que
continuam presos por sua fé e pediu a abolição das leis arcaicas de blasfêmia
do Paquistão. “Peço a Deus que todos os envolvidos em casos de blasfêmia sejam
libertados e que Deus os ajude”, disse Bibi ao Sunday Telegraph.
“Deveria haver mecanismos de investigação adequados ao aplicar esta lei. Não devemos considerar ninguém pecador por esse ato sem nenhuma prova”, afirmou.
“Existem muitos outros casos em que os acusados estão presos
há anos e sua decisão também deve ser tomada por mérito. O mundo deveria
ouvi-los”, declarou.
Bibi também revelou que planeja se mudar para a Europa nos
próximos meses, embora seu destino não seja o Reino Unido.
Nos meses seguintes à sua absolvição, milhares de islâmicos
radicais tomaram as ruas das principais cidades do Paquistão em protesto. A
vida de Bibi estava em grave perigo, e ela foi transportada por diferentes
refúgios, numa tentativa de mantê-la viva.
Longa espera – “[O governo do Paquistão] sempre nos disse que seriam duas semanas, ou 10 dias, duas semanas, 10 dias e assim passamos sete meses”, disse Jan Figel, enviado especial da UE para a promoção da liberdade de religião ou crença.
Figel, que ajudou a garantir a libertação de Bibi e a fuga do
Paquistão, observou que as coisas ficaram tão tensas e difíceis para Asia Bibi,
que ela quase desistiu. Bibi também estava lutando com problemas cardíacos como
resultado de sua provação. “A certa altura, ela havia perdido a esperança e um
dia me disse que, se ‘eu for assassinada, ou algo acontecer comigo, por favor,
não esqueça minhas filhas’”, disse Figel.
Bibi acrescentou que, quando chegou a hora de sair, ela não
conseguiu se despedir do próprio pai devido a rigorosas precauções de
segurança. “Meu coração estava partido quando saí dessa maneira sem estar com
minha família. O Paquistão é meu país, o Paquistão é minha terra natal, eu amo
meu país, amo meu solo”, disse ela.
Determinada a proteger sua família, no entanto, Bibi seguiu
em frente com seu plano de escapar da nação que lhe causara tanto dano.
Figel a chamou de “uma mulher admiravelmente corajosa e mãe
amorosa” que se recusou repetidamente a abandonar sua fé cristã, mesmo que isso
significasse permanecer acorrentada. “Sua história e a decisão altamente
profissional da suprema corte podem servir de base para reformas no Paquistão,
que possui um sistema muito ultrapassado de legislação sobre blasfêmia que pode
ser facilmente usada de maneira abusiva contra vizinhos e pessoas inocentes”,
disse ele.
*Com informações de Faith Wire