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25/11/2024

Global

Cristãos perseguidos recebem ajuda durante a pandemia de covid-19

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Cristãos indianos foram excluídos da ajuda governamental por causa da fé, mas receberam itens de alimentação e higiene dos irmãos e irmãs ao redor do mundo. (Foto: Reprodução)

A COVID-19 surgiu silenciosa na China em dezembro de 2019. E, no fim do mesmo mês, o mundo já estava apreensivo com um vírus que comprometia órgãos essenciais, como rins e pulmões. Até agora, mais de 23 milhões de casos da doença foram relatados e 814.354 perderam as vidas na luta contra o coronavírus.

As consequências desse inimigo invisível afetaram todos os âmbitos da vida de uma pessoa. Em nível econômico, a crise de saúde pode provocar a recessão mais profunda desde a Segunda Guerra Mundial, garantiu o relatório Global Economic Prospects, do Banco Mundial.

O impacto dessa nova crise deve afetar milhões de pessoas que já estavam no radar da fome, assegura o documento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Com as consequências da COVID-19, como perda de renda e aumento de preços de alimentos, o número de necessitados pode crescer. “Este ano, cerca de 49 milhões de pessoas podem cair na pobreza extrema devido à crise da COVID-19. A queda de um ponto percentual no Produto Interno Bruto global significa mais 700 mil crianças raquíticas”, afirmou o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Entre as principais vítimas, estão muitos cristãos que já experimentavam a exclusão social, que os impediam de ter uma renda justa capaz de satisfazer as necessidades básicas, como alimentação e moradia. Boa parte deles vive em um dos 50 países classificados pela Lista Mundial da Perseguição 2020.

Confira a linha do tempo da COVID-19 abaixo:

  • Primeiros casos de pneumonia em hospital de Wuhan, China.
  • China identifica o vírus.
  • Primeiros casos confirmados nos Emirados Árabes Unidos, Índia, Malásia, Nepal, Rússia, Sri Lanka e Vietnã.
  • Primeiros casos no Afeganistão, Argélia, Azerbaijão, Bahrein, Catar, Egito, Irã, Iraque, Kuwait, México, Níger, Nigéria, Omã e Paquistão.
  • Coreia do Norte noticia 5 mortes de pessoas com sintomas parecidos com os da COVID-19.
  • Primeiros casos em Angola, Arábia Saudita, Bangladesh, Brunei, Burkina Faso, Burundi, Camarões, Cazaquistão, Chade, Colômbia, Costa do Marfim, Cuba, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Guiné, Indonésia, Jordânia, Laos, Líbia, Maldivas, Mali, Marrocos, Mauritânia, Mianmar, Nicarágua, Quênia, Quirguistão, Rep. Dem. Do Congo, Rep. Centro-Africana, Ruanda, Síria, Somália, Sudão, Tanzânia, Territórios Palestinos, Togo, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Venezuela.
  • Cristãos perseguidos iniciam ajuda a necessitados no Irã.
  • Irã liberta 85 mil presos, dentre eles cristãos.
  • Portas Abertas recebe e atende pedidos de socorro de cristãos indianos.
  • A palavra coronavírus é proibida no Turcomenistão.
  • Cristãos na África Subsaariana recebem ajuda.
  • COVID-19 interrompe trabalhos da Portas Abertas na Colômbia e México.
  • Primeiros casos confirmados no Butão, Comores, Iêmen, Sudão do Sul e Tajiquistão.
  • Vilas cristãs em quarentena são atacadas na Nigéria.
  • Portas Abertas fornece roupas de proteção para enfermeiros cristãos asiáticos.
  • Governo iraniano liberta mil prisioneiros estrangeiros.
  • O trabalho com cristãos ex-muçulmanos nas Filipinas continua via internet.
  • Ajuda emergencial a cristãos indianos é mantida.
  • Primeiro caso confirmado na Tunísia.
  • Al-Shabaab culpa cristãos pela pandemia na Somália.
  • Família assistida pela Portas Abertas produz máscaras e distribui para vizinhos na Indonésia.
  • Pastor é preso duas vezes por governo do Nepal e culpado pela propagação do coronavírus.
  • Cristãos são excluídos de ajuda humanitária na Índia, mas Portas Abertas assiste os necessitados.
  • Ditador da Coreia do Norte comemora a ausência de casos da COVID-19.
  • Portas Abertas ajuda cristãos excluídos de assistência governamental no Vietnã.
  • Cristãos secretos distribuem comida a necessitados no Irã.
  • Duas mil famílias cristãs recebem comida no Iraque.

Socorro para a Ásia durante o surto de coronavírus

Os primeiros pedidos de socorro vieram da Índia. Apesar do governo ter estipulado uma ajuda à população no valor de 22,6 bilhões de dólares, logo no início da quarentena, muitos cristãos relataram que ficaram de fora da distribuição de comida, como arroz, trigo e cereais. “Algumas vezes houve distribuição de socorro na aldeia, mas eles se recusaram a nos ajudar, afirmando que somos cristãos e que podemos facilmente contar com a ajuda de outras pessoas”, testemunhou a cristã Sita*.

Neste momento, a Portas Abertas recebeu centenas de pedidos de ajuda e começou a intensificar o auxílio emergencial às famílias cristãs necessitadas. Além do bloqueio parcial das vilas, alguns lugares eram bastante difíceis de acessar para as entregas de alimentos. Porém, as dificuldades aumentaram quando famílias cristãs beneficiadas foram interrogadas e questionadas por vizinhos. “Não é apenas a Portas Abertas que enfrenta essa luta, em várias áreas em que as igrejas locais atuam ajudando a comunidade com alimentos e itens essenciais estão sendo acusadas de fornecer materiais para converter as pessoas”, explicou um parceiro local.

Até agora, mais de 20 mil famílias cristãs asiáticas foram contempladas com a doação de produtos essenciais para a sobrevivência. Cada pacote contém itens de alimentação, como arroz, açúcar, trigo, grãos, temperos e óleo. Para a higiene pessoal, os seguidores de Jesus ganharam sabonete, desinfetante e máscaras. “Hoje recebemos mais itens alimentares do que os que nos foram negados. Agradeço à equipe da Portas Abertas e apoiadores por nos abençoarem com essa provisão”, comenta Sita. O maior número de famílias cristãs beneficiadas foi na Índia, com 13 mil cestas, Mianmar seguiu com 4.200 e Bangladesh foi assistido com o total de 1.350 kits.

Sustento para a África atingida pela COVID-19

Em questão de números, a África parece menos afetada do que a América, Ásia e Europa. Porém, as consequências da COVID-19 podem ser mais duras diante das crises alimentar e de saúde pública. Até agora, mais de 860 mil casos e 18 mil mortes foram registrados em todo o continente. Segundo o chefe de operações de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, muitos países do continente já estão vulneráveis por viverem em meio à pobreza e conflitos: “Estou muito preocupado agora que estamos começando a ver uma aceleração de doenças na África e precisamos levar isso muito a sério”.

Rose foi uma das viúvas assistidas com doações na Nigéria

A viúva Rebecca encontrou dificuldades para alimentar os cinco filhos durante a pandemia de COVID-19, na Nigéria. Apesar de ter recebido um microcrédito da Portas Abertas para iniciar um pequeno negócio, as vendas de legumes não são mais suficientes para sustentar a família. Agora, todos só fazem uma refeição ao dia. “Às vezes, choro até dormir porque me sinto tão impotente e o pensamento de que meus filhos foram dormir com fome me deixa triste. Lembrem-se de mim nas orações, para que Deus cumpra a promessa dele de que nunca me deixará ou me abandonará”, suplica.

O extremismo islâmico tem agravado a situação durante a crise do coronavírus. Nos locais dominados por jihadistas, a ajuda humanitária não chega até os necessitados. E onde há assistência governamental, as famílias cristãs são excluídas: “Havia em nossa região diferentes tipos de apoio do governo. Mas quando as pessoas se registram, a comunidade cristã é excluída. Especialmente se são de ex-muçulmanos”, explica o pastor Adane*. A Portas Abertas tem trabalhado para socorrer mais de 15 mil famílias cristãs em diferentes países africanos, com doação de alimentos e itens de higiene. Além disso, é fornecido ajuda emergencial para despesas como aluguel e medicamentos.

Paz para o Oriente Médio em tempos de pandemia

Viver entre conflitos e arcar com os ônus de guerras faz parte da vida da população do Oriente Médio. Porém, a chegada da COVID-19 mostrou que os países da região não tinham condições mínimas de lutar ativamente na pandemia. Por isso, a prevenção era a maior arma e o isolamento social foi estabelecido. Mas com afrouxamento do lockdown em países como Irã, Iraque e Arábia Saudita, os números de contaminados e mortes voltaram a crescer e preocupar a OMS.

Dentre os mais prejudicados estão os deslocados que vivem em campos superlotados e sem acesso a itens básicos, como comida, água e sabão. Apenas na Síria, existem mais de 6 milhões de pessoas deslocadas, boa parte deles em condições insalubres. Esse fato fez com que 2 mil pessoas deixassem os abrigos e voltassem para as cidades destruídas. Ainda assim continuariam sem acesso a alimentos, eletricidade, água e internet, mas não estariam aglomeradas.

No Iraque, 1,3 milhão de pessoas estão em campos de deslocados e 3 mil vítimas fatais do coronavírus foram enterradas no deserto. A Portas Abertas e parceiros locais conseguiram distribuir 4 mil cestas de alimentos para famílias cristãs necessitadas.

Já no Irã, as atividades ilegais e os casamentos temporários com islâmicos, em troca de sustento da família, também cresceram. Entretanto, a Igreja Perseguida tem se levantado e feito a diferença no território. “Muitos membros da família de cristãos mudaram os pontos de vista em relação à igreja durante esta pandemia. Eles ficaram surpresos ao ver como estamos cuidando dos necessitados”, testemunha um pastor iraniano.

No início, os cristãos usaram o próprio dinheiro para comprar alimentos e produtos de higiene. Mas com a chegada de mais necessitados, os recursos foram diminuindo e agora a Portas Abertas se juntou a eles. “Eles sentiram que foram chamados para cuidar das pessoas ao redor, não apenas outros cristãos, mas vizinhos, colegas ou próximos que estavam lutando para sobreviver”, conta um colaborador no país.

Esperança para a América Latina isolada pelo coronavírus

A pandemia da COVID-19 tem mostrado a desigualdade em que vive a população da América Latina, já acostumada com informalidade de trabalho, pobreza, alta urbanização, sistemas de saúde fracos e convívio com grandes grupos sociais vulneráveis. Agora, com mais de 2 milhões de casos, os países que enfrentavam dificuldades econômicas, lutam para não serem cenários de uma crise alimentar e humanitária. Quando o coronavírus chegou ao território, as nações encontraram, na suspensão de atividades não essenciais e no distanciamento social, o melhor caminho para conter o rápido contágio.

Em países, como a Colômbia, o governo fechou as fronteiras entre 17 de março e 30 de maio. Mas em locais dominados por grupos armados e habitados por cristãos, as medidas foram mais extremas. Além do lockdown e toque de recolher, os rebeldes restringiram o movimento de pessoas, carros e barcos. Também limitaram a abertura de comércios e ainda proibiram o acesso de estrangeiros. A organização Human Rights Watch confirmou que muitos civis que desobedeceram às ordens pagaram com as próprias vidas. Porém, a Portas Abertas continuou a trabalhar. No total, 800 famílias cristãs foram auxiliadas com itens de alimentação e higiene. Já as igrejas locais continuaram a receber apoio via telefone e internet. E os treinamentos bíblicos aconteceram virtualmente.

Cristãos carregam um veículo com kits de alimentação e higiene para assistir os necessitados no Iraque

Em outras áreas rurais colombianas, líderes indígenas responsabilizaram os seguidores de Jesus pela COVID-19. “Certos grupos étnicos ao norte do país culparam diretamente os cristãos por quebrar o conceito de harmonia nessas áreas e por levar a doença às comunidades”, disse um colaborador local. Por consequência, muitos seguidores de Jesus são presos e obrigados a negar a fé. “Agora, a perseguição está pior do que nunca. Por causa das crenças animistas, eles estão convencidos de que o surto de coronavírus é um castigo enviado pelas divindades por permitirem que os cristãos vivam no meio deles”, explica.

Assim como na Colômbia, as medidas de restrições impostas pelos cartéis de drogas no México são mais extremas do que as governamentais. Em regiões mais rurais, os habitantes precisam permanecer em casa e obedecer ao toque de recolher para não serem punidos com surras, prisão e pagamento de multas. Além disso, quadrilhas estavam distribuindo alimento para a população necessitada no território de atuação. Mas as “boas ações” não receberam a aprovação do presidente Andrés Obrador. “[Os traficantes] ajudam ao parar com a delinquência, ao amar ao próximo e a não prejudicar ninguém. Ajudam ao acabar com os confrontos e mortes”, concluiu o governante.

*Nomes alterados por segurança.

*Fonte: Portas Abertas.

 



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