A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) emitiu uma nota pública contra a fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que prometeu culpar as igrejas pelas mortes por covid-19 de não vacinados.
A ameaça do petista foi registrada por integrantes da equipe de transição que estavam em uma reunião particular sobre as questões da saúde pública do país, que envolve a baixa taxa de vacinação em relação a Covid-19, assim como outras doenças.
“A gente não pode, de forma precipitada, achar que a gente anunciar vacina, o povo vai tomar. Não. O povo tem que ser convencido outra vez da eficácia da vacina, e nós vamos ter agora que pegar muita gente que combateu a vacina, que vai ter que pedir desculpa. Eu, pelo menos, pretendo procurar várias igrejas evangélicas e discutir com o chefe deles o seguinte: ‘Qual é o comportamento de vocês nessa questão da vacina?’ Ou nós vamos responsabilizar vocês pelas mortes das pessoas.”
Diante disto, a ANAJURE diz que repudia a fala do presidente eleito por várias razões, entre elas o fato de que, durante o início da imunização, vários templos evangélicos foram cedidos para que as pessoas se vacinassem.
“Durante o processo de imunização dos brasileiros na pandemia, a colaboração entre o poder público e organizações religiosas viabilizou, por exemplo, a utilização de templos religiosos como espaço para aplicação da vacina[2]. Em alguns casos, inclusive, além da concessão do espaço, foram fornecidas refeições aos profissionais de saúde responsáveis pela imunização”, diz a nota.
Ao criticar, o texto declara que Lula “em tom de ameaça e voltado genericamente às igrejas evangélicas, não somente estigmatiza um grupo, como também ignora contribuições sociais dos evangélicos, demonstrando desconhecimento sobre a complexidade da pluralidade do segmento”.
E diz também: “A ANAJURE manifesta o seu repúdio à fala do presidente eleito Lula, que, ao generalizar o segmento evangélico, desconsidera os múltiplos exemplos de colaboração de interesse público ocorridos na pandemia e na sociedade brasileira, afastando-se da via adequada para os debates acerca da vacinação com as entidades religiosas e o público em geral, qual seja, o do consentimento informado”.
Redação