A Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (Fatipi) demitiu o pastor Valdinei Ferreira após a publicação de um artigo de opinião na Folha de S.Paulo, no dia 17 de abril. No texto, intitulado “Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas?”, Ferreira discute interpretações teológicas sobre a figura de Judas Iscariotes.
O professor acredita que sua saída foi motivada pela repercussão do artigo, que, segundo ele, gerou interpretações equivocadas de que estaria chamando Jesus de traidor. “Fui carimbado como herege e colaborador na tentativa de reabilitar Judas”, afirmou. Ele diz que se colocou à disposição para esclarecer o conteúdo, mas não foi ouvido pela direção.
A mantenedora da instituição, Fundação Eduardo Carlos Pereira (FECP), afirmou em nota que a demissão foi resultado de uma avaliação de rotina e que publicações assinadas individualmente são de responsabilidade dos autores, quando feitas sem o aval da Fatipi ou da fundação.
No artigo, Ferreira cita o teólogo francês Jean-Yves Leloup, que propõe uma visão simbólica de Judas, representando as sombras humanas. A base da reflexão é um evangelho apócrifo que sugere que Judas teria agido a pedido de Jesus, acreditando que sua entrega provocaria um confronto contra os romanos. Como isso não ocorreu, Judas se sentiu traído e tirou a própria vida.
O texto ganhou repercussão nas redes sociais, especialmente após uma postagem de Filipe Sabará, que criticou a publicação por levantar dúvidas sobre a conduta de Jesus em plena Semana Santa.
Ferreira afirma que foi informado apenas de que a demissão seria sem justa causa e que, em conversa informal, ouviu que o artigo havia motivado o desligamento. “Só me disseram que era por causa do texto.”
Alunos do curso de teologia manifestaram apoio ao professor, destacando sua trajetória ética e dedicação acadêmica. Pessoas ligadas à Fatipi relataram que outros docentes também foram desligados nos últimos anos por opiniões consideradas controversas. As informações são da Folha de S.Paulo.
Redação Exibir
