Pastor e cantor Kleber Lucas / Foto: Reprodução
O cantor e pastor Kleber Lucas falou sobre seu recente
divórcio, os planos para seu novo álbum, “M.O.S.A.I.C.O.” e se queixou de
ignorância no meio evangélico em uma recente entrevista.
Com 30 anos de carreira, sendo seis como pastor da Igreja
Batista Soul, Kleber Lucas disse que convive com arrependimentos e que parte
disso se reflete em seus casamentos que terminaram em divórcio. “Eu me
arrependo e vivo me arrependendo de coisas. O que está mais evidente e óbvio é
que sou uma pessoa que está no terceiro divórcio. Estou procurando ajuda
pastoral e de terapeuta para uma releitura da minha própria caminhada. Eu me
arrependo, por exemplo, de ter me separado da Mabeni, quando a Michelle e o
Raphael eram novinhos e ele pediu pra ir comigo. Eu tive que conviver com isso
durante dez anos até o dia em que o Raphael entrou por essas portas daqui de
casa com a mala dele”, desabafou.
“Também me arrependo de ter viajado enquanto meus filhos
estavam nas festinhas de escola e reunião de pais. E me arrependo de não ter
procurado ajuda quando vi meu casamento com a Mabeni acabando. Hoje temos um
bom relacionamento e, graças a Deus, que a Mabeni teve muita misericórdia de
mim e não voltou para Goiás. Eu não suportaria viver longe dos meus filhos e,
apesar de ter sido deixada, ela foi muito corajosa de ficar aqui no Rio de
Janeiro e estar aqui até hoje. Apesar de estarmos separados, ela sabe que nunca
vai ser esquecida por mim”, acrescentou Kleber Lucas.
Apesar da ruptura no casamento citada pelo cantor e pastor,
seu filho Raphael Lucas colaborou na música No Olho do Furacão, que fará parte
do repertório do novo disco de Kleber Lucas. Segundo ele, a relação é estreita:
“Eu me separei da Mabeni, mas nunca me separei do Rapha nem da Michele. A gente
sempre foi cúmplice na criação dos filhos. Sempre fui uma voz paterna na vida
deles mesmo à distância nas viagens. Eu tenho a alegria de ter os meus dois
filhos hoje morando comigo”, contou. “É muito bom perceber uma relação de
amizade com os meus filhos, mas eu sou pai, não sou o melhor amigo dos meus
filhos. Assim como a Mabeni é a mãe, eu sou um pai que tem uma voz forte na
vida deles, mas ao mesmo tempo tem esse lugar do pertencimento e do
acolhimento. Tê-los por perto é uma cura para a minha vida. Eu não poderia ser
mais grato a Deus por ter os meus dois filhos morando comigo e ver as coisas
acontecendo na vida deles. O Raphael está fazendo o maior sucesso compondo para
famosos, mas tem amigos milionários e tem amigos que o pai é porteiro de
prédio. Eu criei meus filhos para serem humanos e não para serem filhos de
cantor famoso. Criei para tratar todo mundo bem”, afirmou o pastor.
Sobre o trabalho de aconselhamento com pastores e terapia,
Kleber Lucas disse que vem encontrando fraquezas que havia ignorado antes: “Sou
o protagonista da minha própria história, então, não posso transferir a causa
da minha fraqueza, dos meus fracassos. Não vou colocar esse débito na conta de
ninguém. Então, eu vou descobrindo uma pessoa que não soube lidar bem, por
exemplo, com fragmentações de família, com um ambiente social de esquecimento,
alguém que sempre fez perguntas para respostas para as quais não teve”.
O divórcio mais recente, de Danielle Favatto, é um caso
ainda em aberto em termos de sentimento para o pastor: “Ainda estou no processo
de repensar a vida e a trajetória. Desses três casamentos, duas decisões de
terminar foram minhas e, por isso, não dói só em quem é deixado, mas também dói
em quem deixa e vai embora. Fica uma lacuna na alma, um luto que você tem que
conviver, um sentimento de fracasso enorme e você tem que dar conta da vida com
essas lacunas”.
Kleber Lucas falou ainda sobre sua relação com Deus,
enfatizando que tudo se baseia na fé: “É complexo pensar em Deus porque Ele é
Pai, Filho e Espírito Santo e essa experiência com o sagrado tem que ser
desenvolvida pela fé. Ao longo desses 33 anos de caminhada cristã, sempre penso
que a minha caminhada tem sido de ouvir Deus pela meditação na Palavra, pelas
orações, pelo sermão que é pregado, pelas circunstâncias que me ocorrem”.
Na entrevista ao portal Pleno News, o pastor comentou sua
relação de proximidade com sacerdotes de outras religiões, principalmente de
matriz africana: “Fui criado na favela com uma mãe solteira, criando três
filhos, morando de favor. Fui criado sendo despejado de barraco em barraco
feito de pau a pique com telhado de zinco. Às vezes, batia a chuva e levava
tudo. A gente morou em porões de casas, na cozinha ou no quarto de pessoas e
muitas delas eram da Assembleia de Deus, de Igreja Católica, de igreja nenhuma
e muitas eram de terreiro de candomblé. As mães de santo se preocupavam em
saber se os filhos de Maria tinham comida em casa. Quando você está com fome na
favela e a comida chega, você não faz pergunta se ela chegou da igreja
evangélica ou do centro de candomblé. Você quer comer e come com alegria. Fui
muito abençoado por Deus através de mães e pais de santo, de pastores
evangélicos, de ateus, de agnósticos, de bêbados e até de bandidos.
“Eu fui criado nesse ambiente plural e aprendi a respeitar a
opinião das pessoas. Conviver pacificamente é um princípio democrático e
aprendi isso, não na minha orientação do Mestrado pela UFRJ, mas na favela onde
você aprende a compartilhar espaços. Quero conviver pacificamente com essas
pessoas, inclusive as que pensam diferente de mim. Esse é o meu lugar
respeitoso de convivência pacífica. Não estou falando de Salvação, mas de
respeito. Eu quero respeitar o sagrado do irmão porque quero que o meu sagrado
seja respeitado”, argumentou.
Em outra resposta, o pastor acusou setores da igreja
evangélica de conviver confortavelmente com a falta de conhecimento: “A
ignorância é um prato servido, muitas vezes, em escolas e nessa mídia nociva
que a gente tem. As informações são tendenciosas com um cunho extremamente
ideológico e polarizado pra sustentar um projeto, seja ele religioso ou
político. A informação está recheada dessa coisa de sustentar uma ideia, então,
a gente vai se alimentando disso. Nós vivemos dias desafiadores porque, ao
mesmo tempo em que todo mundo tem esse lugar de fala nas redes sociais, as
informações vão circulando da forma mais esdrúxula possível e as pessoas vão
engolindo sem fazer perguntas. A gente vê uma nação toda se alimentando de
esterco e isso é complicado”, opinou.
*Fonte: Pleno News