O Papa Francisco se encontrou com o imperador Naruhito durante passagem pelo Japão. (Foto: Behrouz MEHRI / AFP)
JAPÃO – O Papa Francisco retornou nesta terça-feira para
Roma após uma viagem ao Japão, onde fez críticas à bomba atômica e expressou
dúvidas sobre o uso civil da energia nuclear. O principal momento da viagem de
quatro dias foi o emotivo encontro em Nagasaki e Hiroshima com os sobreviventes
das bombas atômicas lançadas sobre estas cidades em 1945.
Francisco chamou de “crime” o uso da energia atômica para
fins militares e condenou a ideia de que a bomba atômica pode dissuadir os
ataques. O pontífice cumprimentou um por um os sobreviventes dos ataques a
Hiroshima e Nagasaki, conhecidos como “hibakusha”. “Aqui, de tantos homens e
mulheres, dos seus sonhos e esperanças, no meio de um clarão de relâmpago e
fogo, nada mais ficou além de sombra e silêncio”, afirmou o papa em Hiroshima,
onde em 6 de agosto de 1945 foi lançada pelos Estados Unidos uma bomba atômica
pela primeira vez na história.
A denúncia do horror da guerra e das armas é um discurso
recorrente dos papas.
Mas uma rejeição clara à teoria da dissuasão nuclear constitui
uma ruptura com o passado. Na ONU em 1982, João Paulo II definiu esta doutrina
como um mal necessário “nas condições atuais”.
Francisco crítica de forma geral “a corrida armamentista,
que desperdiça recursos preciosos”.
Durante a visita, o pontífice ouviu os depoimentos de
sobreviventes das bombas atômicas, que falaram sobre as terríveis sequelas
físicas e psicológicas.
Na segunda-feira, o papa consolou as vítimas da catástrofe
de 11 de março de 2011 no nordeste do Japão, que chamou de “desastre triplo”
(terremoto, tsunami, acidente nuclear).
Na data, um terremoto submarino provocou uma onda gigante
que matou mais de 18.500 pessoas e atingiu a central de Fukushima, o que gerou
o pior acidente nuclear da história depois de Chernobyl (Ucrânia) em 1986.
Francisco citou a preocupação com o uso da energia atômica e
pediu uma mobilização maior para ajudar as 50.000 pessoas desabrigadas pela
contaminação nuclear na região.
Guerra por água – O Papa Francisco se encontrou com o
imperador japonês Naruhito no palácio imperial e alertou para os problemas
mundiais em relação à água.
Para o religioso, “a próxima guerra será por um conflito
pela posse de água”, e que “a única arma válida nos conflitos humanos é o
diálogo para alcançar a paz”. A declaração foi feita no terceiro dia de sua ida
ao país asiático. Durante o último fim de semana, Francisco passou por Nagasaki
e Hiroshima. Apesar de sua oposição à pena de morte, Francisco não disse nada
sobre o tema de forma pública, durante a viagem ao Japão, onde a pena capital
ainda é praticada.
Na viagem pela Ásia, o líder da Igreja Católica também
visitou a Tailândia, um país que, como o Japão, possui uma comunidade católica
ultraminoritária (menos de 0,6% da população nas duas nações).
*Fontes: AFP e UOL