Primeiro Ministro da França, Emmanuel Macron / Foto: The National
FRANÇA – O governo da França publicou um relatório sobre o
papel da religião no espaço público, que destaca o crescente papel de certos grupos
religiosos. O documento de 12 páginas “Síntese do Estudo sobre a Expressão
Religiosa e Visibilidade no Espaço Público da França Hoje” foi enviado pelo
“Observatório de Laicité” ao Primeiro Ministro, Emmanuel Macron, em julho de
2019.
O relatório admite que as previsões secularistas sobre o
desaparecimento progressivo da religião não eram precisas. “Depois de 2010,
muitos analistas descreveram o ocidente como ancorado na era secular. Pelo
contrário, os acontecimentos atuais parecem fornecer exemplos de um eventual
retorno da religiosidade”, diz o documento oficial em sua introdução.
No entanto, os autores preferem chamar isso de visibilidade
crescente como um “recurso à religião” em uma época de “incertezas” nas áreas
de política, economia ou ecologia.
O documento também enfatiza as conclusões de algumas das
últimas pesquisas sobre religião, que confirmam que o número de agnósticos,
ateus e pessoas que se identificam com nenhuma religião continua a crescer.
O “Observatório de Laicité” posiciona-se contra uma
privatização forçada de crenças pessoais e os esforços para tornar a fé
“invisível”. De fato, defende firmemente a liberdade de religião do cidadão “em
particular e em público”, um direito humano “protegido em leis internas e
internacionais”.
O aumento percebido de conversas de fé na arena pública
francesa não está diretamente ligado a uma multiplicação de crentes, mas tem a
ver com um compromisso mais forte das pessoas religiosas e com a “visibilidade
aumentada” de alguns grupos religiosos, dizem os autores do relatório.
O Islã é especialmente visível na sociedade francesa,
segundo o Observatório, mas também a fé evangélica: apesar de ser uma
comunidade com menos crentes, tem um impacto crescente na sociedade devido à
sua “prática ativa e proselitismo”.
O observatório governamental prossegue listando possíveis
razões para o aumento da presença da religião no espaço público. Estas incluem,
as “expressões religiosas que respondem a outras construções pessoais de
identidade”, o “enfraquecimento das ideologias seculares (liberalismo,
socialismo, nacionalismo, etc.)” e a
“instalação na ‘França Metropolitana’ [territórios franceses fora da França e
Europa] de religiões antes vistas como ‘estrangeiras’ (islamismo, budismo e
certas expressões do protestantismo evangélico)”.
O “panorama religioso francês” é brevemente explicado no
relatório governamental através de algumas estatísticas.
Quase 20 milhões de pessoas se identificam com o catolicismo
romano, mas apenas 3% da população geral frequenta um culto na igreja uma vez
por semana, diz o relatório. A porcentagem de alunos nas escolas católicas é
significativamente maior: 17%.
Existem entre 3 e 5 milhões de pessoas que se identificam
com o Islã, e cerca de 1,8 milhões (2,6% da população francesa) são muçulmanos.
O protestantismo (que inclui cristãos evangélicos) é o terceiro grupo de fé na
França, e o segundo em número de lugares de adoração: 4.000 – mais da metade
deles pertence a comunidades evangélicas. O relatório destaca a “aceleração nos
últimos dez anos” deste grupo religioso, crescendo de 2,5% da população para
3,1%.
Mais de 2 milhões de franceses se identificam como
protestantes e 40% destes “consideram a intensidade de sua prática importante”.
Cerca de 925.000 protestantes praticam sua fé todos os dias (1,4% da
população).
Entre os evangélicos, estima-se que 70% oram e vivem sua fé
praticamente todos os dias, a maior porcentagem entre todos os grupos
religiosos da França.
O judaísmo e o budismo são a quarta e quinta religiões do
país, com cerca de meio milhão de seguidores cada. Em ambos os casos, o número
de praticantes é muito baixo – menos de 15% de seus membros.
Leia o documento completo “Síntese do Estudo sobre a
Expressão Religiosa e a Visibilidade no Espaço Público da França Hoje”
(francês).
*Com informações de Evangelical Focus