Papa Francisco / Foto: Reprodução
VATICANO – O Papa Francisco denunciou novamente neste
domingo (5/8) a lei do silêncio que imperava ao redor dos casos de abusos
sexuais cometidos por padres e reiterou o pedido de “transparência, sinceridade
e solidariedade” com as vítimas. “Nos últimos tempos conseguimos ouvir com
maior clareza o grito, tantas vezes silencioso e silenciado, de nossos irmãos,
vítimas de abuso de poder, consciência e sexual por parte de ministros
ordenados”, escreveu o pontífice em uma carta enviada aos padres por ocasião do
160º aniversário da morte do francês Jean-Baptiste-Marie Vianney, conhecido
como Santo Cura de Ars.
“Como vocês sabem, estamos firmemente comprometidos com a
aplicação das reformas necessárias para estimular, a partir da raiz, uma
cultura baseada no cuidado pastoral de maneira tal que a cultura do abuso não
encontre espaço para desenvolver-se e, menos ainda, perpetuar-se”, completou.
“Se no passado a omissão pode ter se transformado em uma
forma de resposta, hoje queremos que a conversão, a transparência, a
sinceridade e a solidariedade com as vítimas se converta em nosso modo de fazer
a história e nos ajude a estar mais atentos ante todo sofrimento humano”,
afirmou o papa
Diante de uma série de escândalos de abusos sexuais que
mancharam a imagem da Igreja católica, o Papa Francisco organizou em fevereiro
uma reunião mundial de bispos sobre o tema e prometeu adotar ações concretas.
No início de maio, o pontífice modificou a legislação
interna da Igreja para estabelecer a obrigação de que os padres denunciem
qualquer suspeita de agressão ou assédio sexual.
Também obriga os membros da igreja a apontar qualquer
tentativa da hierarquia de acobertar os abusos sexuais cometidos por padres ou
religiosos.
Francisco se referiu aos padres que lamentam ser marcados
por crimes que não cometeram. “Muitos me manifestaram sua indignação pelo
ocorrido, e também certa impotência, pois viveram o dano provocado pela
suspeita e o questionamento, que em alguns ou muitos pode ter introduzido a
dúvida, o medo e a desconfiança”, escreveu o papa.
“Sem negar e repudiar o dano causado por alguns de nossos
irmãos, seria injusto não reconhecer tantos sacerdotes que, de maneira
constante e honesta, entregam tudo o que são e têm para o bem dos demais”,
completou.
“São inúmeros os sacerdotes que fazem de sua vida uma obra
de misericórdia em regiões ou situações tantas vezes inóspitas, afastadas ou
abandonadas, inclusive colocando a própria vida em risco”.
“Reconheço e agradeço vosso corajoso e constante exemplo
que, em momentos de turbulência, vergonha e dor, nos manifesta que vocês seguem
atuando com alegria pelo Evangelho”, concluiu o papa.
*Fonte: AFP via Exame