Um levantamento realizado pela Fundação de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) trouxe à tona dados alarmantes sobre os escalpelamentos na Ilha do Marajó, no Pará, no período de 1965 a 2023. Ao longo de 59 anos, foram registrados 207 casos, sendo 98% das vítimas mulheres, principalmente jovens e evangélicas, que costumam manter cabelos longos. O acidente é provocado pelo contato dos cabelos com o eixo de motores expostos em embarcações.
A pesquisa, baseada em informações da Casa de Apoio Espaço Acolher, identificou ocorrências em 41 municípios paraenses, destacando-se as regiões de integração Marajó com 111 casos, seguido de Tocantins [nome da região paraense, não o estado] com 53 e Baixo Amazonas com 19 situações. Entre as cidades mais afetadas, Portel lidera com 24 casos, seguida por Breves com 22, Curralinho com 16, Cametá com 15 e Melgaço com 12 acidentes.
A análise apontou que apenas três estados registram escalpelamentos: Pará, Amapá e Amazonas, todos banhados pela Bacia Amazônica. A região, rica em rios como Tapajós, Trombetas, Xingu e Amazonas, exige o uso de embarcações para deslocamentos, sendo essenciais para os ribeirinhos, povos tradicionais que habitam as margens dos rios.
Os dados revelam que 98% das vítimas são mulheres, com 67% delas sendo crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos. O estudo destaca ainda que 56,5% das vítimas praticam a religião evangélica e optam por manter cabelos longos. As ações da Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos, têm desempenhado papel fundamental na prevenção, com a instalação gratuita de coberturas nos eixos de embarcações. Desde 2009, foram implantados 5.339 desses dispositivos.
Diante do cenário preocupante, diversos órgãos têm unido esforços para combater os acidentes com escalpelamento, promovendo ações de prevenção e fiscalização de embarcações.
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