Cristão se reúnem secretamente no Butão. (Foto: Reprodução)
BUTÃO – No Butão, país que ocupa a 45ª posição na Lista
Mundial da Perseguição 2020, o budismo é parte do tecido social e nenhuma
congregação cristã nunca teve permissão para construção. Todas as comunidades
cristãs permanecem secretas.
Especialmente em áreas rurais, os monges budistas se opõem à
presença de cristãos. Em algumas áreas do Butão, a fusão de crenças tribais com
o budismo tem causado perseguição, sobretudo nas regiões central e leste do
país.
A conversão é proibida pelo código penal do país. O código
estipula que conversões por coerção são uma ofensa passível de punição. Todas
as conversões enfrentam oposição da família, comunidade, autoridades religiosas
e do Estado.
“Conversão forçada” é punida por lei, mas o termo “forçada”
é aberto a interpretações; na prática, a conversão é simplesmente proibida. Até
mesmo distribuir um folheto evangelístico (sem falar sobre Cristo nem convidar
a pessoa para a igreja) pode levar à prisão.
Confira abaixo como foi formada a pontuação do Butão,
baseada na pressão em cinco esferas da vida e na violência.
Nota-se que a pressão geral sobre os cristãos no Butão
permaneceu em um nível muito alto, com o nível de pressão médio caindo
ligeiramente de 12,5 na LMP 2019 para 12,2 na LMP 2020. A pressão é mais forte
nas esferas igreja e vida privada, mas também está em um nível muito alto nas
três outras esferas.
A pressão sobre os convertidos do budismo ou hinduísmo é
especialmente alta nas esferas vida privada e família, ao passo que, no geral,
todos os cristãos enfrentam pressão nas esferas nacional e igreja. Essa pressão
é perpetuada pela minoria cristã que continua sendo marginalizada na vida
cotidiana e sem reconhecimento oficial.
A pontuação da violência contra os cristãos caiu de 0,9
pontos na LMP 2019 para zero na LMP 2020. Embora nenhum relato de incidente
tenha sido transmitido para observadores de fora do país, isso não deve levar à
conclusão de que não houve violência contra cristãos no Butão no período.
O Butão é um reino budista há séculos. Mesmo após introduzir
uma monarquia constitucional em 2001 e instalar eleições democráticas e uma
nova Constituição em 2008, o país continua a dar um papel dominante ao budismo.
O artigo 31 da Constituição afirma que o “budismo é a herança espiritual do
Butão” e “é responsabilidade de todas as instituições e personalidades
religiosas promover a herança espiritual do país”. Assim, o nacionalismo
religioso se caracteriza como o principal tipo de perseguição no Butão.
O segundo principal tipo de perseguição é o antagonismo
étnico. Convertidos ao cristianismo que se recusam a participar dos rituais e
tradições da crença tradicional animista chamada Bön são pressionados e
enfrentam oposição e exclusão por parte da tribo. O governo opera como
perseguidor em dois níveis: por um lado, os oficias perseguem os cristãos como
executores do poder do Estado; por outro, eles também são verdadeiros
seguidores do budismo e da herança espiritual do país.
Os cristãos perseguidos no Butão têm que ser muito cuidados
na maneira de adoração, principalmente se são os únicos cristãos da família.
Para os convertidos, pode ser perigoso mostrar símbolos cristãos, em particular
se o resto da família não é cristã. Na maioria dos casos, os cristãos se reúnem
em casas alugadas, o que pode ser difícil se o proprietário for budista. Nas
áreas rurais, cristãos conhecidos (ou seja, não secretos, aqueles que a
comunidade sabe sobre a conversão) são monitorados de perto.
O maior medo do Butão é sem dúvida o fato de estar perdendo
sua cultura budista tradicionalmente forte devido a uma crescente influência
ocidental. Já existe uma queda notável nas matrículas em instituições
monásticas, o que pode indicar que o budismo está perdendo importância. Isso
seria uma séria ameaça à cultura e tradição do país.
O efeito negativo é que, se essa tendência continuar, o
Estado poderá tomar medidas para reafirmar o domínio das normas culturais e
tradicionais para preservar a herança budista do país. Isso afetaria
negativamente qualquer esforço dos cristãos no país em busca de reconhecimento
oficial.
Fonte: Portas Abertas