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06/12/2024

Global

A perseguição aos cristãos no Butão

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Cristão se reúnem secretamente no Butão. (Foto: Reprodução)

BUTÃO – No Butão, país que ocupa a 45ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2020, o budismo é parte do tecido social e nenhuma congregação cristã nunca teve permissão para construção. Todas as comunidades cristãs permanecem secretas.

Especialmente em áreas rurais, os monges budistas se opõem à presença de cristãos. Em algumas áreas do Butão, a fusão de crenças tribais com o budismo tem causado perseguição, sobretudo nas regiões central e leste do país.

A conversão é proibida pelo código penal do país. O código estipula que conversões por coerção são uma ofensa passível de punição. Todas as conversões enfrentam oposição da família, comunidade, autoridades religiosas e do Estado.

“Conversão forçada” é punida por lei, mas o termo “forçada” é aberto a interpretações; na prática, a conversão é simplesmente proibida. Até mesmo distribuir um folheto evangelístico (sem falar sobre Cristo nem convidar a pessoa para a igreja) pode levar à prisão.

Confira abaixo como foi formada a pontuação do Butão, baseada na pressão em cinco esferas da vida e na violência.

Nota-se que a pressão geral sobre os cristãos no Butão permaneceu em um nível muito alto, com o nível de pressão médio caindo ligeiramente de 12,5 na LMP 2019 para 12,2 na LMP 2020. A pressão é mais forte nas esferas igreja e vida privada, mas também está em um nível muito alto nas três outras esferas.

A pressão sobre os convertidos do budismo ou hinduísmo é especialmente alta nas esferas vida privada e família, ao passo que, no geral, todos os cristãos enfrentam pressão nas esferas nacional e igreja. Essa pressão é perpetuada pela minoria cristã que continua sendo marginalizada na vida cotidiana e sem reconhecimento oficial.

A pontuação da violência contra os cristãos caiu de 0,9 pontos na LMP 2019 para zero na LMP 2020. Embora nenhum relato de incidente tenha sido transmitido para observadores de fora do país, isso não deve levar à conclusão de que não houve violência contra cristãos no Butão no período.

O Butão é um reino budista há séculos. Mesmo após introduzir uma monarquia constitucional em 2001 e instalar eleições democráticas e uma nova Constituição em 2008, o país continua a dar um papel dominante ao budismo. O artigo 31 da Constituição afirma que o “budismo é a herança espiritual do Butão” e “é responsabilidade de todas as instituições e personalidades religiosas promover a herança espiritual do país”. Assim, o nacionalismo religioso se caracteriza como o principal tipo de perseguição no Butão.

O segundo principal tipo de perseguição é o antagonismo étnico. Convertidos ao cristianismo que se recusam a participar dos rituais e tradições da crença tradicional animista chamada Bön são pressionados e enfrentam oposição e exclusão por parte da tribo. O governo opera como perseguidor em dois níveis: por um lado, os oficias perseguem os cristãos como executores do poder do Estado; por outro, eles também são verdadeiros seguidores do budismo e da herança espiritual do país.

Os cristãos perseguidos no Butão têm que ser muito cuidados na maneira de adoração, principalmente se são os únicos cristãos da família. Para os convertidos, pode ser perigoso mostrar símbolos cristãos, em particular se o resto da família não é cristã. Na maioria dos casos, os cristãos se reúnem em casas alugadas, o que pode ser difícil se o proprietário for budista. Nas áreas rurais, cristãos conhecidos (ou seja, não secretos, aqueles que a comunidade sabe sobre a conversão) são monitorados de perto.

O maior medo do Butão é sem dúvida o fato de estar perdendo sua cultura budista tradicionalmente forte devido a uma crescente influência ocidental. Já existe uma queda notável nas matrículas em instituições monásticas, o que pode indicar que o budismo está perdendo importância. Isso seria uma séria ameaça à cultura e tradição do país.

O efeito negativo é que, se essa tendência continuar, o Estado poderá tomar medidas para reafirmar o domínio das normas culturais e tradicionais para preservar a herança budista do país. Isso afetaria negativamente qualquer esforço dos cristãos no país em busca de reconhecimento oficial.

Fonte: Portas Abertas

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