Por Leiliane Lopes
Um filme lançado em 2017 chegou à uma plataforma de streaming trazendo uma grande polêmica. Dois alunos pré-adolescentes são abusados sexualmente por um professor que seria o grande vilão da história.
Escrito pelo apresentador Danilo Gentili, o filme “Como se tornar o pior aluno da escola” gerou revolta e – pasmem – defesas acaloradas. O Ministério da Justiça tentou agir e impedir que as plataformas exibam tal conteúdo. Mas o Ministério Público entrou no caso e considerou a decisão ilegal.
Afinal, colocar duas crianças simulando uma relação sexual com adulto, sob coação, é arte? Pode ser considerado um entretenimento? A doutora Liv Dallari, terapeuta sexual, vê com muita preocupação o conteúdo deste filme tão polêmico e que continuará sendo exibido de fácil acesso para adolescentes.
“As cenas estimula a normalização da pedofilia, que é um crime e infelizmente a realidade de muitas crianças e adolescentes”, diz ela.
Para Dallari, o filme ainda promove ” uma sensualização precoce e de uma forma vulgar e danosa, enfatizando um suborno sexual como forma de se livrar de punições”.
Entre os anos de 2017 e 2020, 180 mil sofreram violência sexual no Brasil e muitos deles vivenciaram cenas como as que foram mostradas de forma jocosa pelo filme.
Mas o longa-metragem de Gentili não é o único com conteúdo impróprio que está disponível para crianças em poucos cliques.
Filmes, desenhos, séries, músicas e até games também estão trabalhando para promover a erotização precoce e normalizar comportamentos que pela lei brasileira são criminosos.
Aliás, o Estatuto da Criança e do Adolescente já criminaliza a exposição deste público a cenas de sexo explicito ou pornografia, inclusive a produção desse tipo de material. O que nos falta é um poder judiciário capaz de colocar limites em número cada vez mais crescente de ataques à infância.
Crianças sozinhas com telas
No Brasil, 89% das crianças e adolescentes possuem acesso à internet. Parte deles, sem supervisão de adultos.
Enquanto os pais permitem que as telas eduquem seus filhos, a indústria do entretenimento trabalha com muito afinco para destruir valores morais que protegem essas crianças.
Outro exemplo do quanto os filhos estão expostos ao conteúdo impróprio, são as recentes denúncias de pais contra o game Roblox que permite que jogadores maiores interajam com crianças e as exponham a material pornográfico e conteúdo de ódio.
Cada jogador tem seu avatar e pode interagir com outros jogadores. Entre as brincadeiras inocentes como jogos de pingue-pongue, por exemplo, há usuários sem escrúpulos que promovem sexo virtual, fazem apologia ao nazismo, entre outros crimes.
Os que pais não acompanham o que os filhos estão fazendo em seus smartphones não imaginam os perigos aos quais seus filhos estão sendo expostos.
“Foi descoberto, em estudos recentes, que a pornografia e a masturbação alteram o funcionamento do cérebro humano, podendo causar dependência como se fosse uma verdadeira droga, como a cocaína ou a heroína”, diz Dallari.
A terapeuta alerta para o que o acesso ao conteúdo pornográfico pode trazer de mal para uma criança. ” A dopamina é o hormônio do prazer, e, para sentirmos a sensação de prazer e satisfação, há um circuito de recompensa. Nesse caso a criança e adolescente vive de forma desordenada a sexualidade, e começa uma busca sem fim por dopamina”.
Viciados no hormônio do prazer, essas crianças crescem com sérios problemas, entre eles, uma alteração na autoimagem, depressão, entre outros.
Qual é o papel dos pais?
“Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” Provérbios 22:6
A Bíblia nos mostra a importância de ensinar aos filhos qual é o caminho correto. Sendo assim, a vigilância e o acompanhamento dos pais é importante para que eles não sejam expostos a conteúdo impróprio.
Além disso, também é preciso cuidar para que as crianças não sejam expostas também a valores que são diferentes do da família.
Analisar o material escolar, conhecer os amigos da escola, monitorar e controlar o acesso às redes, tudo isso é importante para proteger seus filhos de todo o empenho criado pelo entretenimento para corromper as crianças e adolescentes.