Siga nossas redes sociais
25/11/2024

Global

Intolerância religiosa fecha igrejas cristãs no Cazaquistão

Published

on

Compartilhe

Igreja no Cazaquistão / Foto: Divulgação

CAZAQUISTÃO – A pressão sobre as comunidades religiosas no Cazaquistão parece estar aumentando. Mais 104 casos judiciais foram movidos contra indivíduos, comunidades religiosas e comércios por atividades religiosas ilegais nos primeiros seis meses deste ano.

A informação é da Portas Abertas, que apoia cristãos perseguidos em mais de 60 países. O Cazaquistão está em 34º lugar na Lista Mundial da Perseguição, que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos no mundo.

A situação vem piorando para os cristãos por conta do grande número de incidentes violentos: invasões a lares cristãos, confisco de materiais religiosos, detenções e interrogatórios. A violência física também aumentou acentuadamente. O país, que costumava ser um dos mais suaves da região em relação à perseguição, está cada vez mais parecido com os outros países da Ásia Central.

Autoridades do país abriram 28 processos administrativos contra comunidades religiosas por reunirem pessoas para cultuar a Deus, ou somente por manter um local de culto entre janeiro e julho de 2019. Durante todo o ano de 2018, foram 39 casos como esses no Cazaquistão.

Mais casos também foram registrados no primeiro semestre de 2019 por materiais religiosos ou postar conteúdo religioso online do que todo o ano anterior: 20 e 16 casos, em comparação com 18 e 23 casos, respectivamente.

O relatório mostra que no primeiro semestre de 2019 um total de 18 igrejas protestantes, todas pertencentes ao Conselho de Igrejas Batistas não registradas, foram acusadas de realizar reuniões proibidas nesse país. Eles receberam multas equivalentes a um e dois meses de salário médio como punição.

Durante o mesmo período, cinco igrejas protestantes e dois cristãos foram punidos por distribuir literatura religiosa, com multas e outra com a proibição de distribuição posterior.  As igrejas locais disseram à Portas Abertas, no início deste ano, que sua liberdade de adoração estava diminuindo gradualmente.

Igrejas registradas são checadas com mais frequência e enfrentam maiores restrições e, para igrejas não registradas, está se tornando mais difícil de se encontrar, disseram eles. Um relatório da unidade de pesquisa da Portas Abertas afirma que o cristianismo no Cazaquistão é visto como uma religião russa e que “alguns meios controlados pelo governo retratam os cristãos protestantes como uma ameaça à segurança e à sociedade”.

Perseguição – Existem duas fontes principais de perseguição aos cristãos no Cazaquistão: uma é o Estado e a outra, o ambiente muçulmano. A perseguição do Estado acontece por meio da polícia, serviços secretos e autoridades locais, que monitoram atividades religiosas e frequentemente vigiam os cultos realizados nas igrejas. As autoridades do Estado perseguem regularmente as igrejas não registradas. A cultura islâmica no geral torna a vida especialmente difícil para os convertidos ao cristianismo.

Todas as comunidades cristãs experimentam alguma forma de perseguição. As igrejas ortodoxas russas são as menos perseguidas, pois geralmente não tentam entrar em contato com a população cazaque. São os cristãos indígenas ex-muçulmanos que suportam o maior peso da perseguição vinda tanto do Estado como da família, amigos e comunidade.

Alguns convertidos chegam a ser trancados em casa por longos períodos, agredidos e podem até ser expulsos de suas comunidades. Mulás (clérigos islâmicos) locais também pregam contra eles.

A liberdade religiosa já está restrita pela legislação (que data de setembro de 2011) e o governo do Cazaquistão está constantemente trabalhando para aumentar seu controle sobre toda a sociedade, o que significará mais vigilância, ataques a reuniões e prisão de cristãos.

O governo usa a ameaça do islamismo radical e extremismo religioso para restringir mais e mais esferas da vida. Isso tudo explica a piora da situação da minoria cristã e faz com que a perspectiva do futuro pareça preocupante. É improvável que a pressão do ambiente social, principalmente para ex-muçulmanos, mude.

*Fonte: Portas Abertas