Igreja no Cazaquistão / Foto: Divulgação
CAZAQUISTÃO – A pressão sobre as comunidades religiosas no
Cazaquistão parece estar aumentando. Mais 104 casos judiciais foram movidos
contra indivíduos, comunidades religiosas e comércios por atividades religiosas
ilegais nos primeiros seis meses deste ano.
A informação é da Portas Abertas, que apoia cristãos
perseguidos em mais de 60 países. O Cazaquistão está em 34º lugar na Lista
Mundial da Perseguição, que classifica os 50 países que mais perseguem cristãos
no mundo.
A situação vem piorando para os cristãos por conta do grande
número de incidentes violentos: invasões a lares cristãos, confisco de
materiais religiosos, detenções e interrogatórios. A violência física também
aumentou acentuadamente. O país, que costumava ser um dos mais suaves da região
em relação à perseguição, está cada vez mais parecido com os outros países da
Ásia Central.
Autoridades do país abriram 28 processos administrativos
contra comunidades religiosas por reunirem pessoas para cultuar a Deus, ou
somente por manter um local de culto entre janeiro e julho de 2019. Durante
todo o ano de 2018, foram 39 casos como esses no Cazaquistão.
Mais casos também foram registrados no primeiro semestre de
2019 por materiais religiosos ou postar conteúdo religioso online do que todo o
ano anterior: 20 e 16 casos, em comparação com 18 e 23 casos, respectivamente.
O relatório mostra que no primeiro semestre de 2019 um total
de 18 igrejas protestantes, todas pertencentes ao Conselho de Igrejas Batistas
não registradas, foram acusadas de realizar reuniões proibidas nesse país. Eles
receberam multas equivalentes a um e dois meses de salário médio como punição.
Durante o mesmo período, cinco igrejas protestantes e dois
cristãos foram punidos por distribuir literatura religiosa, com multas e outra
com a proibição de distribuição posterior.
As igrejas locais disseram à Portas Abertas, no início deste ano, que
sua liberdade de adoração estava diminuindo gradualmente.
Igrejas registradas são checadas com mais frequência e
enfrentam maiores restrições e, para igrejas não registradas, está se tornando
mais difícil de se encontrar, disseram eles. Um relatório da unidade de
pesquisa da Portas Abertas afirma que o cristianismo no Cazaquistão é visto
como uma religião russa e que “alguns meios controlados pelo governo retratam
os cristãos protestantes como uma ameaça à segurança e à sociedade”.
Perseguição – Existem duas fontes principais de perseguição aos cristãos no Cazaquistão: uma é o Estado e a outra, o ambiente muçulmano. A perseguição do Estado acontece por meio da polícia, serviços secretos e autoridades locais, que monitoram atividades religiosas e frequentemente vigiam os cultos realizados nas igrejas. As autoridades do Estado perseguem regularmente as igrejas não registradas. A cultura islâmica no geral torna a vida especialmente difícil para os convertidos ao cristianismo.
Todas as comunidades cristãs experimentam alguma forma de
perseguição. As igrejas ortodoxas russas são as menos perseguidas, pois
geralmente não tentam entrar em contato com a população cazaque. São os
cristãos indígenas ex-muçulmanos que suportam o maior peso da perseguição vinda
tanto do Estado como da família, amigos e comunidade.
Alguns convertidos chegam a ser trancados em casa por longos
períodos, agredidos e podem até ser expulsos de suas comunidades. Mulás
(clérigos islâmicos) locais também pregam contra eles.
A liberdade religiosa já está restrita pela legislação (que data
de setembro de 2011) e o governo do Cazaquistão está constantemente trabalhando
para aumentar seu controle sobre toda a sociedade, o que significará mais
vigilância, ataques a reuniões e prisão de cristãos.
O governo usa a ameaça do islamismo radical e extremismo
religioso para restringir mais e mais esferas da vida. Isso tudo explica a
piora da situação da minoria cristã e faz com que a perspectiva do futuro
pareça preocupante. É improvável que a pressão do ambiente social,
principalmente para ex-muçulmanos, mude.
*Fonte: Portas Abertas