Ministra Damares durante discurso na CPAC (Conferência de
Ação Política Conservador)
“Estou aqui há 24
horas e ninguém me ofereceu ainda um cigarro de maconha e nenhuma menina
introduziu um crucifixo na vagina.” Desta forma a ministra Damares Alves, da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, abriu seu discurso hoje em um evento
conservador em São Paulo.
Em tom missionário, ela foi responsável pelo discurso mais
aplaudido da CPAC Brasil (Conferência de Ação Política Conservadora) de hoje.
Ela enalteceu o conservadorismo, defendeu o governo, reclamou de ideologia de
gênero e criticou “o outro lado”.
“A cada dia eu me assusto da forma como eles estão nos
vendo. Eles estão incomodados porque o Brasil já mudou”, afirmou a ministra,
sob aplausos.
“O presidente machista entrega para o Brasil o Ministério da
Mulher. Consegue entender a loucura que está na cabeça desse povo? Eles não
estão entendendo nada!”, declarou a ministra. “O presidente machista já
sancionou seis leis de proteção à mulher. Chora esquerda!”
Ela havia sido convidada para falar sobre os resultados do
seu ministério. Ela, no entanto, afirmou que esperou 20 anos para participar de
um evento como este e pregou a organização dos conservadores. “Se a gente não
se organizar, eles vão voltar”, declarou.
“Eles usam números, manipulam estatísticas, manipulam
informações para jogarem sujo. Eles não estão mortos! Estão vivos!”, pregou
Damares, em tom combativo. “Vocês estão falando em reeleição? Eu estou!
Precisamos de pelo menos 12 anos para mudar o Brasil.”
Em defesa dos valores conservadores
As chamadas pautas de costumes foram o centro do discurso.
Damares afirmou que o seu ministério respeita os homossexuais, mas não os
promove. “Respeitamos eles, mas sem fazer a promoção. Estamos lutando contra a
violência contra negros, gays, indígenas. Estamos protegendo todos”, declarou.
Ela também fez referência a uma de suas falas mais
polêmicas. “Quando eu falei que menino veste azul e menina veste rosa, o recado
que eu mandei é que o menino vai ser menino, menina vai ser menina”, afirmou a
ministra. “O governo Bolsonaro veio para dizer ‘chega de confusão no Brasil,
deixa o menino ser menino’!”
Damares criticou ainda as propostas de legalização do aborto
e descriminalização das drogas. “Libera a maconha e protege os traficantes”,
era isso que defendia a esquerda em 2014, ao se referir a um Projeto de Lei do
então deputado Jean Wyllys. “O projeto não foi aprovado, ele ficou triste e
saiu do Brasil.”
Crítica a arcebispo
Ovacionada, Damares ainda rebateu a declaração dada pelo
arcebispo Dom Orlando Brandes horas mais cedo, em missa no Santuário Nacional
de Aparecida. O religioso criticou “o dragão do tradicionalismo” e afirmou que
a direita é “violenta e injusta”.
A ministra disse que o arcebispo deve “estar com medo de
nós, que somos terrivelmente cristãos” e acrescentou: “o conservadorismo vai
dar certo. O povo de bem se levantou e agora está governando esta nação”.
Abuso na infância
Damares acabou seu discurso em tom emocionado, ao lembrar do
abuso sexual que sofreu na infância e reclamou da perseguição que tem sofrido
desde que aceitou assumir a pasta. “Foram cruéis comigo, foram muito malvados
comigo. Não respeitaram a minha história, não respeitaram a minha dor. Riram de
mim, riram quando eu tive a coragem de dizer pro Brasil que fui abusada
sexualmente”, declarou.
Ela revelou já ter sofrido 179 ameaças de morte. “Estamos
pagando nosso preço, mas a gente vai mandar um recado para a esquerda: quando a
gente aceitou o desafio, sabia que não seria fácil. Pode bater, quanto mais
bate, mais esse governo cresce”, conclui sobre gritos e aplausos em pé.
*Fontes: Folha de S. Paulo e Jovem Pan