Michele Prado precisou recorrer a assistência jurídica devido a obra escrita baseada na explicação das bases políticas direita e esquerda
A pesquisadora e escritora Michele Prado, autora do livro “Tempestade Ideológica”, obra que dispõe a destrinchar e explicar a política, e um de seus espectros ideológicos – a direita-, enfrenta uma situação inusitada e bastante perturbadora.
O que a motivou a estudar, pesquisar e escrever sobre o tema é uma premissa simples: existem inúmeras obras que tratam das diferentes formas de pensamento e organização da esquerda, mas há um número muito pequeno de livros que tratem da direita.
Por falta de aprofundamento, pessoas simplesmente concluem que “isso é coisa da direita”, desconhecendo que a direita não é uma unidade, mas sim um pensamento ideológico dividido em vários segmentos. “A obra busca esclarecer que há uma direita conservadora liberal até uma extrema direita que não descarta soluções heterodoxas para ganhar e permanecer no poder”, explica Francisco Gomes Junior, especialista em Direito Digital, sócio da OGF Advogados e responsável pela defesa de Michele.
Por conta da originalidade, a obra de Michele Prado vem obtendo destaque e ela vem sendo cada vez mais convidada a participar de eventos e conceder entrevistas a grandes veículos de mídia. Além disso, quando formadores de opinião e jornalistas renomados como Fernando Gabeira, por exemplo, acessam a pesquisa de Michele, citam nominalmente a importância da escritora e a necessidade de aprofundar o estudo da direita.
“A repercussão do trabalho de Michele, entretanto, a torna vítima de movimentos de intolerância e ódio, o que acontece com muitos influenciadores que escrevem algo com conotação política”, afirma Junior. De acordo com o especialista, nos últimos meses houve escalada de postagens violentas que atacam Michele e até mesmo sua família, o que a levou a buscar assistência jurídica para resguardar sua imagem e até a integridade física.
“A liberdade de se expressar sobre uma obra ou pessoa não comporta liberdade de ofensa. Quando isso acontece, o trabalho jurídico consiste em identificar os ofensores, por meio de ordem judicial e seus IPs (Internet Protocol). Com essa identificação, realizamos as queixas crime contra os autores e caberá às autoridades policiais a condução das investigações”, explica Junior, também presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e Consumidor).
De fato, é recomendável que qualquer pessoa que sofra agressões, assédios ou ameaças pelas redes sociais reaja e busque assegurar seus direitos, combatendo a cultura do ódio. Muitas vezes, a segurança de uma suposta impunidade leva o ofensor a achar que pode continuar a agir, por isso é importante que as vítimas não fiquem inertes, mas atuem para inibir estas condutas.
“A tecnologia avança rapidamente e não há mais anonimato nas redes sociais. Aqueles que se escondem em perfis falsos ou se valem de IPs localizados em outros países se surpreenderão quando forem chamados a responder por seus atos. Não se prejudica ou destrói a saúde mental das pessoas escondendo-se com algum artifício técnico, não há mais esse esconderijo”, alerta o especialista.
Francisco Gomes Júnior – Advogado Especialista em Direito Digital. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Autor da obra “Justiça sem Limites” Instagram: @franciscogomesadv